Os conflitos da Síria deixaram mais de 125 mil mortos no país até 2013 e foi um dos principais responsáveis pelo recorde de refugiados no mundo este ano. As crises políticas na Ucrânia, na Tailândia, no Sudão do Sul e na República Centro-Africana (RCA) também chamaram a atenção internacional e provocaram a reação de líderes, que pediram o fim das hostilidades.
No caso da Síria, os confrontos entre o governo do presidente Bashar Al Assad se intensificaram desde março de 2013, quando foram usadas armas químicas contra a população civil. O uso desse tipo de armamento é vedado pelo direito internacional, o que gerou condenações por parte da comunidade internacional.
Chegaram a ser cogitadas intervenções militares, especialmente pelos Estados Unidos. Por meio da articulação das Nações Unidas (ONU), da Liga Árabe e da Rússia, está sendo negociada uma solução política para o conflito, por meio da interação entre governo e oposição sírias.
A legitimidade e a liderança do Conselho de Segurança da ONU foi questionada perante a inabilidade de solucionar a crise síria, especialmente devido à oposição travada entre os Estados Unidos e a Rússia – opositor e aliado do regime de Assad, respectivamente.
Após diversas reuniões articulares fora do âmbito do conselho, foi marcada para o da 22 de janeiro a Conferência Genebra 2, na Suíça, na tentativa de se chegar a um consenso e estabelecer um cessar-fogo e a paz no país. A forma em que a participação da oposição síria será feita ainda não foi determinada.
A crise é responsável por uma das maiores crises humanitárias dos últimos tempos, com mais de 2,3 milhões de pessoas refugiadas e deslocadas em 2013, podendo chegar a 4,1 milhões no ano que vem.
Na Ucrânia, a postergação da assinatura de um acordo de associação à União Europeia a pedido da Rússia levou milhares de pessoas às ruas em protesto. As manifestações no país em dezembro de 2013 foram as maiores desde a Revolução Laranja, em 2004, após fraudes e corrupção nas eleições.
Os protestos, no entanto, não impediram a Ucrânia de confirmar a sua parceria com a Rússia em um acordo de R$ 15 bilhões e o reajuste do preço do gás comprado pelos russos. A hesitação ucraniana fez a União Europeia suspender as negociações para o acesso do país ao bloco. A população continua pedindo a saída do presidente do país, Viktor Yanukovich.
A Turquia foi outro país em que manifestações populares contrárias ao governo ocorreram em 2013. Em junho, milhares de pessoas se mobilizaram por mudanças no governo e pela demissão do primeiro-ministro, Recep Erdogan. A reação das autoridades, que foram acusadas de terem cometido excessos, reforçou a onda de protestos. Sindicatos turcos convocaram paralisações e o turismo no país, uma das principais fontes de renda, registrou redução de 30% nas reservas de hotéis. A ONU pediu às autoridades turcas moderação no controle dos protestos e o estabelecimento de um inquérito para apurar a ação da polícia contra os manifestantes.
No Egito, manifestantes contrários ao governo do ex-presidente Mohamed Mursi, a acusado de querer implantar um regime islâmico no país, se concentraram em protestos no Cairo, o que culminou no afastamento do líder do poder. Após sua deposição, grupos pró-Mursi, por outro lado, também se manifestaram pedindo a volta do ex-presidente e condenando a atuação das Forças Armadas no que consideraram um golpe de Estado. Seus apoiadores foram reprimidos por forças de segurança e estima-se que cerca de 2 mil pessoas foram detidas.
A junta militar que assumiu o poder no lugar de Mursi nomearam um governo interino encarregado de reelaborar a Constituição e organizar eleições legislativas e presidenciais para o início de 2014. Mursi será julgado no ano que vem pelo homicídio de oficiais mortos em 2011, quando o ditador Hosni Mubarak, que ficou no poder de 1981 a 2011 e foi deposto.
O ex-presidente também deverá ser julgado por espionagem e por perpetrar ações terroristas que envolvem o grupo Hamas e jihadistas foi decretado estado de emergência no país em agosto, prorrogado até novembro.
Na Tailândia, o confronto entre o governo de líderes oposicionistas também levaram milhares de pessoas às ruas pedindo a saída da primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, acusada de manter um governo-fantoche liderado pelo seu irmão, o ex-premiê, Thaskin Shinawatra, condenado por fraude e corrupção.
Vários ministérios e serviços públicos do país chegaram a ser paralisados pelo bloqueio de manifestantes. Os apelos da população levaram o governo a marcar novas eleições parlamentares para fevereiro de 2014. Mais de 50 países chegaram a manifestar preocupação com a crise tailandesa e pediram para que não seja quebrada a ordem constitucional e a democracia no país.
No Sudão do Sul e na República Centro-Africana, conflitos entre grupos opositores deixaram milhares de mortos e feridos – inclusive membros de missões da ONU. Ambos os países passam por situação humanitária crítica, com necessidade de ajuda alimentar, médica e de abrigo.
A tensão no Sudão do Sul se intensificou neste final de ano devido a uma tentativa de golpe de Estado. Estima-se que mais de 500 pessoas tenham morrido nos confrontos de origem étnica e religiosa e que mais de 35 mil tenham buscado a proteção da ONU. O país foi criado recentemente depois da separação do Estado vizinho, o Sudão.
No total, a ONU tem atualmente cerca de 6,8 mil militares e policiais no país e a missão de manutenção da paz (Unmiss, sigla em inglês) abriga mais de 14 mil civis. A organização busca agora uma liderança regional para a crise sul-sudanesa.
Na RCA, o Conselho de Segurança da ONU aprovou em dezembro uma intervenção internacional para garantir a segurança da população, ameaçada pelos confrontos devido à substituição do então presidente François Bozizé pelo líder da coligação rebelde de maioria muçulmana, Seleka, Michael Djotodia.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que a violência no país tenha levado 480 mil pessoas a deixarem suas casas. Na última semana, a União Europeia (UE) proibiu a exportação de armas e a assistência financeira e técnica a grupos armados da República Centro-Africana, em cumprimento à resolução da ONU.
Fonte: EM