Mais de 600 pessoas mortas e 159 mil deslocados na República Centro-Africana em uma semana

sábado, dezembro 14, 2013

Civis refugiados em Bangui | IKMR

Civis deslocados na República Centro-Africana (RCA) encontram abrigo em uma igreja na capital Bangui. (Foto: ACNUR/L. Wiseberg)

A situação humanitária  na República Centro-Africana (RCA) está se deteriorando, com 450 pessoas mortas na capital Bangui e 159 mil outras expulsas de suas casas na cidade, apenas na semana passada, relataram agências das Nações Unidas nesta sexta-feira (13). Também na última semana, chegou à capital o maior transporte aéreo de abastecimento de emergência desde que a violência teve início.

“Muito mais vai ser necessário. Pedimos outra vez a todas as partes que deixem a ajuda humanitária passar e para que protejam os civis”, disse o porta-voz  do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR ), Adrian Edwards, em uma reunião em Genebra de atualização sobre o país de 4,6 milhões de pessoas. A situação é tumultuada desde que rebeldes do grupo Séléka lançaram uma série de ataques no ano passado.

“Há relatos frequentes de ataques indiscriminados contra civis, recrutamento de crianças como soldados, violência sexual e baseado no gênero, saques e destruição de propriedade”, disse Edwards, acrescentando que outras 160 pessoas foram relatadas terem sido mortas em outras partes do país.

“Sérias violações aos direitos humanos estão sendo cometidas no terreno religioso, assim como o saque a destruição de propriedades”, relatou a porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH ), Ravina Shamdasani. “Uma mesquita foi, segundo relatos, queimada e outra destruída em Bangui no início desta semana.”

A situação também está tensa em muitas cidades, incluindo Bouca, Bossangoa e Bozoum, onde um ciclo vicioso de ataques e represálias continua, com o relato da morte de 27 muçulmanos por milícias de auto-defesa conhecidos como anti-Balaka, no vilarejo de Bohong nessa quinta-feira (12).

“Condenamos qualquer ataque em lugares de credo religioso e pedimos a todas as comunidades para exercitar moderação”, afirmou Shamdasani.

Segundo o porta-voz do ACNUR, 38 mil pessoas estão no aeroporto de Bangui sem latrinas, instalações de lavatório e abrigo da chuva e do sol, enquanto outros 12 mil procuraram abrigo na igreja de St. Joseph Mukassa, com apenas um ponto de água.

O número de refugiados que fugiram para países vizinhos ao longo da semana está aumentando, com 1.800 chegando na República Democrática do Congo (RDC), alguns após andar 200 km por muitos dias, através da floresta, com seus filhos. Há, no momento, cerca de 47 mil refugiados centro-africanos na RDC.

Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,

Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, grava mensagem para o povo da República Centro-Africana. (Foto: ONU/Mark Garten)

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, usará  o rádio para fazer um apelo pessoal aos cidadãos da República Centro-Africana (CAR) para ajudar a pôr um fim no derramamento de sangue que atinge o país, principalmente pela violência entre cristãos e muçulmanos. A mensagem de Ban também alerta que os autores serão responsabilizados por crimes cometidos.

“Estou profundamente preocupado com o que está acontecendo em seu país e eu quero falar com vocês pessoalmente”, disse  ele em sua transmissão.

“Muitas pessoas estão com medo e o país está à beira da ruína. Faço um apelo a todos para seguir o caminho da paz. O derramamento de sangue deve parar. Não permita que as vozes do ódio semeiem a divisão que não existia antes. Seja qual for a sua fé ou história, você compartilha a mesma história e o mesmo futuro. Apelo aos líderes religiosos e comunitários, muçulmanos e cristãos, para atuar como mensageiros de paz.”

Ele acrescentou: “Eu tenho uma mensagem clara a todos os que cometem atrocidades e crimes contra a humanidade. O mundo está assistindo. Vocês serão responsabilizados. A ONU está empenhada em ajudar o país a se recuperar da crise. Vocês não estão sozinhos e não vamos abandoná-los.”

No início deste mês, o Conselho de Segurança autorizou uma força de paz liderada pelos africanos e apoiada pelos franceses para conter a violência.

“Tropas africanas e francesas já estão no terreno e estão fazendo a diferença”, disse Ban Ki-moon. “Mais virá em breve para ajudar a restaurar a ordem. Estamos trabalhando para fornecer alimentos, abrigo e remédios. E vamos ficar ao seu lado para construir uma paz duradoura e um futuro melhor para todos.”

Fonte: ONU


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