O presidente interino da República Centro-Africana, Alexandre-Ferdinand Nguendet, alertou hoje (13) as várias partes em conflito no país que a anarquia acabou na capital, Bangui. O ex-presidente Michel Djotodia e o primeiro-ministro, Nicolas Tiangaye, renunciaram aos cargos na última sexta-feira (10), depois de meses de manifestações que pediam o fim da violência que assola o país e que se intensificou no final de 2013.
“Aos ex-Séléka [milícia muçulmana], aos Anti-Balaka [milícia cristã] e aos que gostam de pilhagem, lanço-vos um aviso severo: o recreio acabou. O caos terminou, os abusos terminaram”, disse Nguendet perante policiais e militares, alguns dos quais acabam de se apresentar depois de desertarem nos últimos meses.
O presidente interino assegurou que a polícia e o Exército, totalmente ausentes da capital há semanas, em 72 horas estarão envolvidos no processo de desarmamento em curso na cidade.
“Hoje é uma vergonha para a nação ver a segurança do povo centro-africano entregue a organizações regionais e internacionais”, disse o interino sobre a presença de tropas das Nações Unidas (ONU) e da França no país. Cerca de 1,6 mil soldados franceses e 4 mil soldados africanos tentam restabelecer a ordem e restaurar a segurança na antiga colônia francesa.
Com 4,5 milhões de habitantes, a República Centro-Africana mergulhou no caos desde o golpe de Estado, em março de 2013, organizado pela coligação rebelde Séléka, que afastou do poder François Bozizé e declarou Michel Djotodia novo presidente do país. Em dezembro, a milícia cristã Anti-Balaka, que atuava sobretudo no Oeste, lançou uma ofensiva na capital, Bangui, contra posições da Séléka. O ataque provocou represálias à população majoritariamente cristã da capital. Desde então, mais de mil pessoas foram mortas e uma crise humanitária se instalou no país.
Fonte: EBC