O conflito no Sudão do Sul ameaça aumentar a fome e o progresso na segurança alimentar feito pelo país após sua emancipação do Sudão há dois anos, alerta a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Uma das principais preocupações é o deslocamento de 413 mil pessoas que foram expulsas de suas casas desde que o conflito eclodiu em há um mês entre as forças do presidente, Salva Kiir, e do ex-vice-presidente, Riek Machar. O setor agrícola entrou em crise justamente na época em que deveria estar se preparando para as colheitas, “gerando um risco alarmante de insegurança alimentar e desnutrição”, afirmou a agência da ONU.
A FAO e seus parceiros precisam de 61 milhões de dólares para cobrir os esforços cruciais para obter sementes, vacinas para o gado, instrumentos de pesca e outros recursos e serviços agrícolas para famílias rurais e urbanas vulneráveis.
As prioridades da agência incluem a restauração do sistema da saúde animal por meio da reconstrução de frigoríficos móveis – necessários para armazenar e transportar vacinas; reviver redes de saúde animal nas comunidades; aumentar o acesso a sementes e equipamentos de microirrigação; e apoiar a pesca.
Inclui, ainda, a promoção do uso eficiente de combustíveis por pessoas deslocadas internamente, já que os combates afetam as principais rotas de abastecimento e obrigam os comerciantes a percorrer distâncias mais longas – o que provoca aumento no preço dos alimentos e combustíveis e o eventual colapso de mercados locais, cruciais para sustentar produtores rurais, pescadores e populações dependentes da pecuária.
Já o Programa Mundial de Alimentos (PMA) lançou um pedido emergencial de 57,8 milhões de dólares para expandir a assistência alimentar para até 400 mil deslocados internos nos próximos três meses. Isso inclui suporte nutricional especializado para mães e crianças que correm maior risco no caso de interrupção no fornecimento de alimentos.
Por causa da luta contínua, as agências estão tendo dificuldades para acessar muitas áreas no Sudão do Sul. Estoques de alimentos do PMA que foram pré-posicionados em cerca de cem locais em todo o país facilitam os esforços de ajuda, mas essas mesmas ações também estão em risco.
Até agora, o PMA estima que 10% dos seus alimentos no país foram saqueados – o suficiente para alimentar cerca de 180 mil pessoas por um mês.
A Missão da ONU no Sudão do Sul continua abrigando cerca de 66,5 mil civis em dez bases e está criando um novo local, em Juba, onde 30 mil deslocados internos já buscam abrigo.
Fonte: ONU