A suspensão da luta não significa necessariamente o fim de uma guerra, lembrou o subsecretário-geral da ONU para assuntos políticos, Jeffrey Feltman, na quarta-feira (29), detalhando como a Organização está tomando uma abordagem mais sistemática para promover a reconciliação, particularmente em conflitos internos.
Ele disse ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que, enquanto a ONU tem experiência na separação de forças opositoras, na ajuda aos necessitados, na formulação de um roteiro político e na reconstrução da infraestrutura, “refletimos menos sobre a nossa capacidade de reparar a confiança nas sociedades e promover uma reconciliação genuína”.
Assim, a ONU e suas principais instituições precisam considerar: “Como podemos consertar tecidos sociais quebrados para que as pessoas olhem nos olhos de seu adversário mais uma vez e vejam o ser humano em vez do inimigo?”.
Seus comentários ecoaram os do príncipe Zeid Ra’ad Zeid Al-Hussein, embaixador da Jordânia, que detém a presidência rotativa do Conselho em janeiro. Ele ressaltou que a ênfase geral da ONU para a manutenção da paz e da segurança internacionais são projetos de rápido impacto e desenvolvimento econômico a curto prazo, “na crença de que a reconciliação, de alguma forma, acontece por si mesma”.
“O que as Nações Unidas não entenderam bem o suficiente é como se pode promover uma reconciliação mais profunda entre os ex-combatentes e seus povos com base em uma narrativa compartilhada, uma memória compartilhada, de um passado conturbado. Isto é especialmente relevante para conflitos sectários ou étnicos, além de guerras impulsionadas pelo nacionalismo extremo ou ideologias”, disse ele.
Em seu discurso, Feltman observou que, embora a ONU esteja constantemente revendo a sua abordagem para permitir a paz permanente, há quatro áreas que merecem atenção especial, incluindo a especificação de princípios e mecanismos nos acordos de paz para a reconciliação e, cuidadosamente, cronometrar as eleições e os processos de revisão constitucional.
Ele ressaltou que a reconciliação, que pode ser incentivada e habilitada pela comunidade internacional, tem que vir de processos internos e destacou a importância da ONU estabelecer um repositório de conhecimento e de experiência comparativa sobre os processos de reconciliação.
Fonte: ONU