Os últimos meses têm sido marcados por um significativo agravamento da situação humanitária e na segurança em Darfur, no Sudão, alertou o subsecretário-geral da ONU para operações de manutenção da paz, Hervé Ladsous, na quinta-feira (23), ao Conselho de Segurança da Organização. Ele pediu que todos os envolvidos no conflito da região se juntem para negociar um cessar-fogo permanente.
Ladsous ressaltou que o Documento de Doha para a Paz em Darfur, que constitui a base para o cessar-fogo e o acordo de paz, obteve progressos limitados e não beneficiou diretamente a população da região, incluindo cerca de 2 milhões de deslocados internos.
Até agora, o governo sudanês e dois grandes grupos rebeldes – o Movimento de Libertação e Justiça (MLJ) e o Movimento de Justiça e Igualdade (MJI) – assinaram o documento.
O chefe da Missão Conjunta da União Africana e da ONU para Darfur (UNAMID), Mohamed Ibn Chambas, disse na quinta-feira (23) que irá ampliar os esforços para as conversações sobre a paz entre o governo e os rebeldes que ainda não assinaram o documento.
“A mediação vai explorar todos os meios possíveis – parceiros nacionais, regionais e internacionais – para encaminhar todos os lados à mesa de negociação para alcançar a verdadeira paz que o povo de Darfur merece”, disse Chambas, acrescentando que uma agenda de desenvolvimento que melhore as condições socioeconômicas e incentive o retorno de deslocados e refugiados deve ser implantada.
300 mil pessoas mortas desde 2003
O número total de deslocados internos aumentou para quase 2 milhões, com uma estimativa de 400 mil pessoas forçadas a fugir de novos focos de conflito no ano passado, observou Ladsous.
“Deslocamento prolongado, insegurança alimentar e falta de serviços básicos são a causa da vulnerabilidade crônica na região”, afirmou, acrescentando que as taxas de desnutrição estão acima dos limiares de emergência em todos os cinco estados de Darfur e menos de 10% da população tem acesso a água potável e saneamento básico.
Ladsous também disse que as necessidades humanitárias devem permanecer altas este ano em Darfur, onde cerca de 300 mil pessoas morreram desde que os combates entre grupos rebeldes e forças governamentais começaram em 2003.
Um total de 3,5 milhões de pessoas, cerca de 30% da população da região, recebe assistência humanitária da comunidade internacional.
Fonte: ONU