Execuções extrajudiciais, violência sexual, mutilações e desaparecimentos forçados com base na religião e ataques a locais de culto na República Centro-Africana foram algumas das violações de direitos humanos relatadas nesta terça-feira (14) pelo grupo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) que visitou o país entre 12 e 24 de dezembro de 2013.
Milhares de pessoas já morreram e cerca de 1 milhão foram expulsas de suas casas nas últimas semanas no país, onde confrontos armados entre ex-membros do grupo Séléka, de maioria muçulmana, e as milícias cristãs antiBalaka têm aumentado significativamente.
A chefe da agência da ONU para os direitos humanos, Navi Pillay, disse que a situação requer uma forte intervenção do governo, porém alertou que as autoridades têm de ter cuidado para não desrespeitar as leis internacionais sobre os direitos humanos.
Nos dias 5 e 6 de dezembro de 2013, forças antiBalaka lançaram ataques que mataram não só ex-membros do grupo Séléka, mas também civis muçulmanos, incluindo mulheres e crianças. Durante as represálias que seguiram esses ataques, várias execuções extrajudiciais foram realizadas pelas forças ex-Séléka, que invadiram hospitais e mataram pacientes gravemente feridos.
Segundo testemunhas, a população muçulmana local também participou de assassinatos e saques. Nos bairros conhecidos como PK12 e PK23, por exemplo, um grupo de homens vestidos com uniformes militares junto com civis muçulmanos da etnia peul foi visto entrando em residências civis e separando homens e mulheres para depois matá-los.
Desde então, confrontos esporádicos vêm acontecendo. Resultados preliminares sugerem que o avanço de tropas francesas, o reforço das forças de paz da África e o desarmamento de parte dos ex-combatentes Séléka diminuíram os combates no país, porém deixaram as comunidades muçulmanas mais frágeis aos ataques dos grupos cristãos.
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas vai realizar uma sessão especial sobre a situação na República Centro-Africana no dia 20 de janeiro, em Genebra, quando a alta comissária vai descrever de forma mais completa os resultados da equipe e oferecer uma atualização sobre a situação no país.
Fonte: ONU