O número de deslocados dentro da República Centro-Africana supera as 935.000 pessoas, forçadas a abandonar os seus lares por causa da insegurança que dificulta a repartição de ajuda humanitária entre eles, advertiu hoje o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).
“Ataques contra civis, roubos e a presença de elementos armados dentro dos campos de refugiados limitam gravemente o acesso das agências humanitárias para aqueles que necessitam de ajuda urgente”, assinalou hoje em Genebra o porta-voz do Acnur, Babar Baloch.
Destes deslocados, 512.672 vivem na capital, Bangui, como em algum dos 67 assentamentos ou com famílias de acolhimento, o que representa mais de metade da população da cidade e entre os quais 60 % são crianças.
“O pior da situação, junto com as longas distâncias entre os campos de refugiados nos arredores de Bangui e a precária infraestrutura de estradas, dificulta enormemente o nosso trabalho”, ressaltou Baloch.
Segundo Acnur, o acesso às 45.367 pessoas que vivem com famílias de colhimento em Bangui é também “muito complicado”, o que impede de avaliar a sua situação.
Além disso, na última semana duplicou-se o número de pessoas que acudiram aos campos de refugiados situado no aeroporto de Bangui, até às 100.000 pessoas.
“A distribuição de material de primeira necessidade é cada vez mais complicado, perante as dificuldades para estabelecer um sistema de repartição adequado. As agências humanitárias na zona trabalham para desenhar uma resposta conjunta de emergência durante 30 dias nesse acampamento”, explicou.
A continuação dos confrontos na cidade de Bossangoa, a 300 quilómetros de Bangui, também provocou um novo fluxo de deslocamento de população para dois campos localizados no Arcebispado e na Escola Liberdade.
Apesar das dificuldades, desde o aumento da violência no passado 5 de dezembro, Acnur repartiu ajuda de emergência nos acampamentos acessíveis a 23.000 pessoas de 4.600 famílias e, nas últimas semanas, aumentou a sua presença em todo o país, onde desdobrou novas equipas.
Também se aumentou em número de pessoas que cruzam as fronteiras do país em busca de segurança, já que desde março de 2013, quando começaram os confrontos armados, 75.000 pessoas abandonaram o país em direção à República Democrática do Congo, Chade e Camarões, o que elevou o número de refugiados centro-africanos até 240.000 nos finais de dezembro.
O intensificação da violência desde 5 de dezembro obrigou muitos países a repatriar os seus cidadãos nacionais, de modo que 12.000 chadianos já foram evacuados do país e Camarões fez o mesmo com vários centenas de pessoas a semana passada.
Senegal e Nigéria solicitaram a ajuda da Organização Internacional das Migrações (OIM) para repatriar alguns dos seus cidadãos.
Esta agência da ONU anunciou hoje a aprovação de um fundo de urgência de 200.000 dólares para fretar aviões à República centro-Africana e evacuar às dezenas de milhares de imigrantes.
Segundo os dados da OIM, foram apanhados no país pelo menos 100.000 chadianos, 900 da Níger, vários centenas de sudaneses; assim como migrantes do Senegal, Nigéria ou Costa do Marfim.
Fonte: EFE