Jordânia, Turquia, Líbano e Iraque, os países vizinhos da Síria que mais acolhem refugiados deste país, pediram nesta quarta-feira (22) na abertura da conferência de paz Genebra 2 que seja garantido o retorno destas pessoas a seu país em condições seguras.
Os quatro recebem a maior carga de refugiados que explodiu com o conflito há três anos, um total de 2,3 milhões de sírios que fugiram da guerra civil em seu país, um número que os organismos das Nações Unidas temem que possa chegar aos 3 milhões no final deste ano.
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davotoglu, disse que seu país, onde vivem já 700 mil sírios, seguirá mantendo as fronteiras abertas, embora tenha reivindicado à comunidade internacional que assegure as condições para que uma vez que ocorra um cessar-fogo, estes possam retornar seguros.
“Milhares de civis na Síria são privados de alimentos e remédios. Eles são obrigados a escolher entre fugir de seu país ou arriscar ser sitiados pelos combates. Isto deve terminar e não ficar impune”, precisou.
Para o ministro, a conferência de paz que começou hoje em Montreux (Suíça) trata sobre a “dignidade humana”, já que entre seus objetivos deve garantir o futuro das milhares de crianças sírias nascidas como refugiadas e evitar assim uma geração perdida.
O futuro dessa geração é também uma das “principais preocupações” da Jordânia, segundo expressou seu ministro das Relações Exteriores, Nasser Judeh, que se referiu à necessidade de dotar os refugiados sírios de proteção para poder retornar a seu país.
“Na Jordânia, há cerca de 1,3 milhão de sírios. Os acolhemos de braços abertos e manteremos nossas fronteiras abertas porque são nossos irmãos”, assinalou.
No entanto, o ministro reconheceu que nem todas comunidades de refugiados gozam da proteção e segurança necessárias em seu país, para as quais solicitou ajuda financeira da comunidade internacional e alertou sobre os riscos para a estabilidade da Jordânia do aumento de fluxo de refugiados.
O país mais afetado pela chegada de refugiados é o Líbano, onde o sírios representam já um quarto da população, o que, segundo ressaltou seu ministro das Relações Exteriores, Adnan Mansour, é uma “carga muito grande” para seu país, que é o menor de toda a região.
O ministro alertou que o terrorismo está tendo cada vez mais relevância no campo de batalha na Síria, “uma ameaça da qual o Líbano não ficou impune”, já que foram vistas “conexões entre as organizações terroristas” de ambos os países.
O Líbano foi “palco de seus ataques que tiraram a vida de dezenas de civis”, assinalou.
Por isso, o ministro defendeu que “temos que chegar à raiz deste terrorismo e identificar seus responsáveis, assim como aqueles que financiam suas atividades para garantir a paz e a segurança ao mundo e à região”.
Por sua vez, o chefe da diplomacia iraquiana, Hoshyaar Zebari, ressaltou que os 25 mil sírios que vivem refugiados em seu país -principalmente na região do Curdistão- “estão desejosos” que se ache uma solução política ao conflito que devolva a estabilidade à Síria para que possam retornar.
“O Iraque proporciona a estes refugiados ajuda material e dinheiro efetivo”, informou.
Sobre a transição política que é perseguida neste fórum, o ministro iraquiano rejeitou uma intervenção estrangeira no conflito, assim como sua militarização, o que, segundo disse, “só acelerará a escalada de violência e a expandirá a outros países da região”.
“O Iraque se viu afetado pelo conflito em termos de segurança e humanitários, pela chegada de mercenários estrangeiros, entre os quais há combatentes da Al Qaeda, que se instalaram sobretudo na parte ocidental do Iraque”, explicou.
Fonte: UOL