Ao completar 460 anos, São Paulo se transformou na “pátria amada” para quase duas mil pessoas que fugiram de seus países por causa de conflitos e violação dos direitos humanos.
São Paulo é a nova pátria de quase dois mil refugiados que desejam construir uma nova vida no Brasil. A capital, que está completando 460 anos, ainda registra mais de três mil solicitações de refúgio feitas nos últimos dois anos; 90% delas foram realizadas em 2013
O passado se faz presente - Em 1887 a região da Bresser-Mooca sediava a Hospedaria dos Imigrantes, uma casa que recebia as grandes levas de estrangeiros que chegavam à cidade em busca de trabalho, sobretudo nas lavouras e indústrias paulistas. Com espaço para 1.200 pessoas, a hospedaria funcionou por 91 anos. Hoje, no mesmo espaço, funciona o ARSENAL DA ESPERANÇA, uma casa que acolhe homens que estão em situação de rua. Um trabalho que é realizado há 18 anos.
O crescimento do número de refugiados na capital paulista faz com que o Arsenal passe por um novo, porém não inédito, ciclo: o acolhimento de estrangeiros. “Essa casa sempre teve vocação para receber imigrantes, a diferença é que esse é um povo que foi obrigado a sair de seu país, um povo sofrido com esperança de uma vida melhor”, conta Simone Bernardi, missionário da Fraternidade da Esperança. Por dia, o Arsenal recebe cerca de 200 estrangeiros, a maioria vinda de Guiné Bissau e Mali.
Tieman Coulibaly, 32 (foto abaixo), é um desses casos. Quem vê o sorriso no rosto do malinês não imagina as dificuldades pelas quais já passou. Formado em Sociologia, Tieman enfrentou dias de fome e sofrimento em meio aos conflitos que tomaram conta do país e expulsou muitos moradores. “Aqui no Brasil não tive problemas, minha única dificuldade é a saudade que sinto da minha esposa e do meu filho de dois anos. Quero arranjar um trabalho em breve para conseguir uma casa e poder trazer minha família.”
Texto extraído da reportagem “A capital dos refugiados” de Stephane Sena (Imagens: Ivanildo Porto e Stephane Sena) publicada pela Revista Free Sp - N. 110 – 23.01.2014.
Veja a reportagem completa (pp. 17-21)
Fonte: Arsenal da Esperança