Foto: Vitor Jubini
Seria uma história comum de um casal feliz ao nascimento do primeiro filho, não fosse a realidade que os envolve. Mateus, que significa “presente de Deus”, foi o nome escolhido pelo casal sírio Geryes Khalaf e Abeer AL-Khalaf Deghlawi que estão refugiados no Espírito Santo desde novembro do ano passado. Depois de ter passado por tanto aperto ao ponto de ter que deixar o próprio país, assolado por uma guerra civil, os dois celebram a liberdade.
O casal e mais um grupo de sírios vieram para o Estado com o apoio da organização Missão em Apoio à Igreja Sofredora (MAIS). Geryes, pai do bebê, disse que não é comum o nome Mateus na cultura árabe, mas resolveu escolhê-lo em agradecimento à oportunidade de dar um recomeço para sua família.
“Quando recebi o visto para vir para o Brasil, eu decidi chamar meu filho de ‘Mateus’, pois significa ‘presente de Deus’. Eu considero nossa vinda para este país um presente e uma benção de Deus”.O sírio afirma que é um sentimento muito bom estar no Brasil e saber que seu filho está em um lugar seguro. Para ele, liberdade só é encontrada em Jesus.
“Se você está preso ao pecado, mesmo estando em um país livre, você continua sem liberdade. Para mim, o mais importante é que meu filho esteja em um país seguro”.Planos para o futuro no Brasil
Nesta quinta-feira (29), mais cinco sírios vem para o Brasil. Trata-se da família da irmã de Geryes. O sírio tem planos de recomeçar a vida no país junto com o restante de sua família.
A família do refugiado está dividida em diversos países: uma parte está na Alemanha, outra no Canadá. A expectativa do sírio é que os demais familiares que pretendem deixar a sua terra natal, venham para o Brasil.
“Fico muito preocupado com minha família, pois todos os dias eles estão sendo bombardeados, sequestrados e não podem trabalhar. Estou sonhando em ter todos eles ao meu lado”, diz Geryes.Diferenças culturais
Segundo o pai de Mateus, há muitas diferenças entre brasileiros e sírios. Entre elas a vida social. “Vocês, por exemplo, gostam de viver a vida mesmo se não tiver muito dinheiro, procuram aproveitar mesmo”, aponta.
Outra diferença é a organização do nosso povo. “Os sírios gostam da bagunça”, revela.”Os brasileiros são receptivos e organizados”
Não é comum da cultura brasileira receber refugiados – principalmente cristãos – de nenhum lugar do mundo. Geryes disse que está muito feliz e agradecido a Deus por não ter ido para a Europa.
“Na Europa, os refugiados recebem salários, moradias e outras ajudas do governo. As pessoas lá não sorriem e não respeitam o povo árabe. Aqui no Brasil, vocês sorriem, respeitam, são sociais, bondosos e, por causa disso, eu vejo que valeu a pena. A importância disso é porque eu estou em um país seguro que não tem guerra e as pessoas são muito receptivas”.
A importância da organização e da igreja
Os sírios que estão refugiados no Espírito Santo estão com o apoio da organização Missão em Apoio à Igreja Sofredora (MAIS) e também com a ajuda da igreja Missão Praia da Costa. Geryes disse que tudo isso que a MAIS e a igreja fazem por ele, por sua família e pelos outros refugiados é muito importante. Atualmente, a organização oferece para os refugiados moradia, comida, cuidados médicos, psicológicos e odontológicos.A MAIS paga um professor para dar aulas três vezes por semana de português. Outros trabalhos e auxílios são de voluntários.
Aos poucos os sírios serão enviados para outros Estados, com probabilidade de serem acolhidos por comunidades árabes no Brasil.
Saiba mais sobre a MAIS
Atualmente, a MAIS alugou um prédio em Vila Velha, onde está sediada e mantém uma equipe treinada e preparada para difundir a causa da igreja sofredora no Brasil. O prédio conta com uma estrutura para receber entre 30 e 40 refugiados por vez, com conforto e dignidade. A organização ainda está no processo de mobiliar o prédio.
Ao chegar, cada família é recebida pela equipe da MAIS, e passa por um programa que foi criado e denominado por RENOVARE, em que é oferecido atendimento pastoral, emocional, médico, odontológico e assistência documental. O tempo de permanência de cada pessoa no centro diz respeito ao prazo de entrada no processo de refúgio no Brasil.
Para mais informações sobre a MAIS:
(27) 3208-0785