A decisão das Nações Unidas de abrir suas instalações no Sudão do Sul para receber pessoas que tiveram de abandonar suas casas por causa do conflito salvou milhares de vidas, afirmou o subsecretário-geral da ONU para operações de manutenção da paz, Hervé Ladsous, nesta segunda-feira (3). As dez bases da missão de paz abrigam atualmente 80,1 mil deslocados internos.
“Se isso não tivesse sido feito, milhares ou dezenas de milhares de civis teriam sido mortos. Por mais difícil que tenha sido, que seja e que será no futuro, acho que esse é um grande exemplo do tipo de coisa que temos de fazer”, disse.
Estima-se que milhares de pessoas tenham morrido e quase 740 mil sul-sudaneses tenham sido expulsos de suas casas desde 15 de dezembro, quando o presidente, Salva Kiir, afirmou que soldados leais ao ex-vice-presidente Riek Machar, destituído do cargo em julho, tentaram aplicar um golpe de Estado. Desde então, a violência tem se caracterizado cada vez mais como perseguição étnica, já que Kiir é do grupo Dinka e Machar, do Lou Nuer.
Ladsous ressaltou que ambas as partes devem cumprir o acordo de cessar-fogo assinado no mês passado em Addis Abeba, na Etiópia, e reafirmou que o único modo de resolver a crise é por meio do diálogo político.
“A UNMISS [Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul] está se concentrando em três áreas: proteção de civis, direitos humanos e ajuda a agentes humanitários, mas é evidente que a solução para esta crise tem que ser política”, disse.
Ladsous visitou a base da missão em Tomping, onde pôde testemunhar o trabalho da ONU com os deslocados e conversou com líderes comunitários sobre desafios para voltar para casa.
O subsecretário-geral ressaltou que agora é importante descongestionar as bases das Nações Unidas no país por causa da temporada de chuvas. A Organização e seus parceiros humanitários estão fazendo o possível para viabilizar que os deslocados voltem para suas casas em segurança.
A eclosão dos combates em dezembro fez o Conselho de Segurança da ONU reforçar a UNIMISS, autorizando o envio de mais 5,5 mil soldados e policiais, elevando o efetivo para cerca de 14 mil homens e mulheres, quase o dobro do que havia na ocasião.
Fonte: ONU