Haitianos, indianos, senegaleses e bengaleses entram no Brasil diariamente. Eles vêm em busca de melhores condições de vida, mas também de formação educacional. Visando inclusive ajudar os que ficaram, muitos não tem ideia do que vão encontrar. Renél Simon veio do Haiti e trabalhará na Secretaria do Trabalho, Habitação e Assistência Social de Lajeado (Sthas) auxiliando os recém chegados a vencer a maior barreira: o idioma.
Quando entrou no Brasil, pela Amazônia, Simon não sabia o que encontraria. Com cinco idiomas na bagagem, o haitiano chegou buscando um salário melhor do que no país de origem. Além do sustento, sua intenção era enviar dinheiro aos familiares que sofrem as consequências do terremoto de 2010. A capital, Porto Príncipe, foi o local mais atingido. Lá vivem três milhões de pessoas, sendo que naquela região 300 mil pessoas morreram. A força dos haitianos para reconstruir o país é insuficiente, pois há interesses políticos de que o caos seja mantido.
Assim como Simon, entre 70 e 80 estrangeiros entram no Brasil diariamente. Senegaleses e imigrantes de Bangladesh vêm encontrar melhores condições de vida. Os indianos fogem da guerra civil. “Muitos, como eu, vêm em busca de estudos. No Haiti há apenas uma faculdade federal,e poucas condições, depois do terremoto, de concluir o ensino médio”, conta o imigrante, que termina o antigo segundo grau na Escola Estadual de Ensino Médio Érico Veríssimo. Simon fala inglês, francês, crioulo, português e espanhol e buscará uma vaga na faculdade federal gaúcha.
Com comunidade estabelecida, a adaptação não tem sido fácil, e o baixo salário, aliado ao alto custo de vida têm mandado muitos de volta. Além disso, a jornada haitiana não ultrapassava as seis horas de trabalho, enquanto que aqui, chega a 10 horas diárias. Embora transponível, outra barreira é o clima. “O Haiti é um país tropical, com temperaturas entre 18 e 32°C. Aqui passamos zero no inverno e 40 no verão.” Simon conseguiu que a esposa e a filha viessem, mas nem todos têm essa sorte. CES
Fonte: Independente