Muitas das famílias de refugiados afegãos que sobreviviam nas condições possíveis facultadas pelos responsáveis da igreja já abandonaram o local, recebidas por amigos e beneficiando de outras situações de acolhimento.
O governo belga, na sequência desta luta e do impacto da carta assinada por 28 eurodeputados denunciando a situação, anunciou que irá avaliar mais profundamente os riscos provocados pelas deportações. Também as notícias sobre a morte de repatriados quando reentram no Afeganistão motivaram esta posição, sobretudo a que dá conta de que a justiça australiana impediu repatriamentos devido às situações de morte verificadas. O volume de aceitação pelo governo belga de dossiers de recurso das ordens de repatriamento aumentou de 52 para 81% nos últimos dias.
Muitos dos refugiados afegãos na Igreja du Béguinage residem há anos na Bélgica, onde recomeçaram a sua vida depois de fugirem de uma guerra longe de terminar. Entre eles há crianças já nascidas na Bélgica, onde têm os seus estudos, os seus amigos, a sua vida.
Um dos objectivos dos refugiados organizados é agora o de fazerem ver ao governo belga que o repatriamento de refugiados para zonas do Afeganistão que não as suas de origem tem os mesmos riscos do que o regresso a casa, uma circunstância que é reconhecida em França.
Os refugiados e as organizações cívicas belgas solidárias que os apoiam pretendem que o Afeganistão seja considerado um país perigoso ao nível do espaço europeu, de modo a que a União Europeia venha a estabelecer uma moratória em relação aos repatriamentos.
Nesse sentido continuarão a desenvolver esforços para sensibilizar a Comissão Europeia e o Conselho Europeu, contando com o apoio dos eurodeputados solidários através de mecanismos de que dispõem, designadamente perguntas às instâncias europeias e a eventual adopção de uma resolução parlamentar estabelecendo uma moratória dos repatriamentos do espaço europeu para o território afegão.
Fonte: The Week