Relatório das Nações Unidas alerta para assassinatos e estupros em massa no Sudão do Sul

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

violência em Malakal

Vista de ruas desertas em Malakal, com partulhamento de tropas do governo. Foto: ONU/Isaac Billy

Assassinatos e estupros em massa, tortura e desaparecimentos forçados estão sendo perpetrados por ambos os lados envolvidos no conflito no Sudão do Sul, descreve relatório das Nações Unidas divulgado na sexta-feira (21). O documento elaborado pela Missão da ONU no país (UNMISS) fornece um panorama inicial das violações de direitos humanos cometidas contra civis no período de 15 de dezembro de 2013 até fim de janeiro. O estudo concentra-se, principalmente, nos incidentes que ocorreram nos estados Equatoria Central, Jonglei, Unity e Alto Nilo.

Essas são as regiões mais afetadas pela disputa política e econômica, mas que ganhou características étnicas por causa dos enfrentamentos entre as forças do presidente, Salva Kiir, que é da etnia Dinka, e os soldados leais ao ex-vice-presidente Riek Machar, destituído do cargo em julho, de origem Lou Nuer.

“Várias testemunhas relataram ataques deliberados contra civis, tanto nacionais quanto estrangeiros, vítimas de assassinatos extrajudiciais e outros crimes, incluindo assassinatos em massa, desaparecimentos forçados, violência de gênero, tais como estupros e estupros em massa, e casos de maus-tratos e tortura por parte das forças de ambos os lados em conflito”, afirma a UNMISS.

O relatório observa que muitos civis foram e ainda estão sendo alvos por causa de suas raízes étnicas. A UNMISS afirma que há novas provas de abusos contínuos dos direitos humanos durante a recente batalha pelo controle da capital do estado do Alto Nilo, Malakal.

Uma patrulha da missão visitou o centro da cidade na quinta-feira (20) e recolheu depoimentos de testemunhas que alegaram que as forças de oposição mataram dez civis desarmados no Hospital de Ensino de Malakal por causa da etnia no dia 19 de fevereiro.

Funcionários da UNMISS na cidade também testemunharam a execução extrajudicial de duas crianças na quinta-feira (20), fora do perímetro do complexo da ONU na região. A missão informou que Malakal “havia sido saqueada e parecia estar sem vestígios de civis”.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse estar profundamente preocupação com os relatos de combates na cidade sul-sudanesa e “as consequências catastróficas para as populações civis”. Ele pediu que todas as partes respeitem o cessar-fogo acordado no fim de janeiro e o direito humanitário internacional.

O relatório afirma ainda que todos os responsáveis pelas violações de direitos humanos no país devem ser levados a julgamento para que se resolva as causas subjacentes da crise atual no país.

Há 13 brasileiros atuando pela ONU no Sudão do Sul. Acesse aqui a entrevista com o coronel Amadeu Marto para entender qual o papel desses oficiais na missão.


Faça seu comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>

Voluntários

Loja Virtual

Em Breve
Close