A agência de refugiados da ONU afirmou que está profundamente preocupada com o risco da população do Sudão do Sul, incluindo refugiados no estado do Alto Nilo, pois as condições impedem que o ACNUR e seus parceiros entreguem alimentos para a região.
O porta-voz do ACNUR Adrian Edwards disse a jornalistas em Genebra que os refugiados nos acampamentos do condado de Maban receberam alimentos pela última vez em fevereiro e, possivelmente, terão apenas acesso parcial a rações alimentares este mês. “Casos recentes de desnutrição severa entre crianças nos deixam especialmente preocupado com os riscos de uma interrupção prolongada”, disse ele.
O ACNUR, o Programa Alimentar Mundial (PAM) e outros parceiros normalmente estocam alimentos e outros itens de ajuda humanitária durante o primeiro trimestre do ano em preparação para a temporada de chuvas. Os violentos confrontos recentes na cidade do norte de Malakal e outros pontos estratégicos fluviais e terrestres fizeram o pré-posicionamento impossível esse ano.
“A não ser que os alimentos sejam entregues imediatamente, o estado de saúde e nutrição dos refugiados será comprometido de forma severa” disse Edwards. “Estamos na temporada da seca, a tradicional lacuna quando refugiados não conseguem plantar alimentos para suplementar as rações dadas pelo PAM. O problema não é somente a falta de alimentos, mas também a passagem segura de outros suprimentos de apoio humanitário”, ele acrescentou.
Populações carentes no estado do Alto Nilo, incluindo refugiados, pessoas deslocadas internamente, e cada vez mais, comunidades de acolhimento, estão sofrendo com a crise. Este cenário vem paralelo e tem sido intensificado pelo conflito armado que tem dominado partes do país por quase três meses.
Embora o condado de Maban, que abriga quase 130.000 refugiados do estado do Nilo Azul no Sudão e que passa por conflitos, não tenha sido diretamente impactado pela guerra, a insegurança generalizada e restrições fronteiriças nos corredores de abastecimento tem impedido a entrega de itens de emergência desde o início do ano. A situação será agravada pela temporada de chuvas quando as estradas se tornam intransitáveis.
Um terço da população de refugiados corre sérios perigos, neste grupo estão crianças com idade abaixo de cinco anos, grávidas e mães em período de amamentação, idosos, deficientes e pessoas com doenças crônicas. Assim que a chuva começar – geralmente em abril – a vulnerabilidade, as doenças transmitidas pela água, malária e doenças respiratórias irão aumentar.
O porta-voz disse que nas últimas semanas tiveram vários casos de desnutrição severa dentre crianças de acampamentos de refugiados, isto é sintomático da deficiência de proteína que pode ser causada por doenças. “A falta de alimentos pode levar a confrontos entre refugiados e as comunidade de acolhimento, procurando por frutas e vegetais. Já vimos tensões por pastagens e recursos hídricos”, disse Edwards.
Além de refugiados do Sudão, dezenas de milhares de pessoas que estão internamente deslocadas enfrentam condições ainda piores em diferentes partes do estado do Alto Nilo. “Há uma grande probabilidade que muitos irão encontrar o caminho e cruzar a fronteira com a Etiópia em busca de ajuda humanitária. Refugiados já estão chegando a países vizinhos e existem relatos que eles se encontram em uma condição de nutrição precária”, ressaltou Edwards.
Fonte: ACNUR