Ataques contra cristãos e muçulmanos preocupam agência da ONU na República Centro-Africana

quarta-feira, março 5, 2014

Foto: ACNUR/S.Phelps

Um homem e seu filho caminham por um local lotado de pessoas internamente deslocadas em Bangui. Muitas delas continuam em risco na capital. Foto: ACNUR/S.Phelps

A agência da ONU para refugiados (ACNUR) pediu o reforço de segurança para mais de 15 mil pessoas em 18 localidades cercadas por grupos armados em todo o noroeste e sudoeste da República Centro-Africana (RCA).

“Essas populações estão correndo riscos de ataque e precisam, urgentemente, de mais segurança”, disse o porta-voz Adrian Edwards, citando o monitoramento do ACNUR e seus parceiros.

Ele disse que, embora a violência tenha atingido todas as comunidades na RCA, a maioria que está presa é formada por muçulmanos que se encontram sob a ameaça das milícias anti-Balaka. “As áreas que nós estamos particularmente preocupados incluem o bairro PK12 em Bangui e as cidades de Boda, Bouar e Bossangoa”, informou Edwards.

Ataques motivados por questões religiosas têm acontecido desde setembro do ano passado e afetado tanto as comunidades cristãs quanto as muçulmanas. Em lugares como Paoua e algumas áreas de Bangui, as comunidades continuam a viver e trabalhar juntos. No entanto, as atrocidades tornaram-se frequentes.

Em meados de fevereiro, três homens muçulmanos foram mortos em um bairro de Bangui perto do aeroporto. Pouco tempo depois, um comboio de transportes de pessoas que escapavam de um local no PK12 foi atacado por milicianos anti-Balaka. Todos os 21 homens no comboio foram mortos, deixando assustadas 119 crianças e 19 mulheres, que fugiram para uma vila próxima.

Recentemente em Boali, norte de Bangui, um ataque anti-Balaka deixou 11 pessoas mortas. Os 800 sobreviventes procuraram refúgio em uma igreja, onde foram hospedados pelo padre e protegidos por forças internacionais.

Esforços humanitárias, sozinhos, não resolvem crise

O ACNUR e seus parceiros estão respondendo a estas situações por meio de sua presença nos locais do conflito, provendo assistência humanitária e implementando medidas de proteção. Em casos excepcionais, busca-se facilitar a circulação dessas comunidades para locais seguros. Mas os esforços humanitários por si só não podem resolver as crises.

“Estamos pedindo novamente a todos os elementos armados que parem os ataques indiscriminados contra os civis. Pedimos também para implantar mais tropas internacionais, pois seus números são baixos considerando o tamanho do país e o alcance da crise”, disse o porta-voz do ACNUR.

O novo governo provisório na RCA precisa de apoio urgente para realizar uma efetiva aplicação da lei, em particular através da implantação da polícia e restabelecimento de um sistema judicial para acabar com a impunidade. Milícias armadas precisam ser desarmadas, desmotivadas e, quando possível, reintegradas à sociedade.

Uma ação de desenvolvimento rápido também é necessária para permitir que as pessoas deslocadas recuperem um ambiente mais estável e uma vida econômica e social para voltarem ao normal.

Desde dezembro de 2012, a violência e a instabilidade têm forçado quase 1 milhão de pessoas a fugir para locais mais seguros na RCA e nos vizinhos como Camarões, Chade, República Democrática do Congo e República do Congo. Mais de 70 mil estão deslocados internamente, incluindo 273 mil em Bangui, distribuídos por 66 locais, enquanto mais de 288 mil pessoas fugiram para os países vizinhos.

(Com Dalia Al Achi em Bangui, República Centro-Africana, para o ACNUR)

Fonte: ONU


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