A Campanha da Fraternidade 2014, que aborda o tema “Fraternidade e Tráfico de Seres Humanos”, foi discutida no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha AM 1020, ontem pela manhã. O lançamento será nesta quarta-feira, às 18h30, na Catedral Cristo Redentor.
Este ano, a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica tem como lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou”. O tema surgiu com a proposta dos Grupos de Trabalhos de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e de Combate ao Trabalho Escravo, junto à Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) e às entidades ligadas à Pastoral da Mobilidade Humana.
O padre Gianfranco Graziola destacou que o tema desse ano era alvo de preocupação das comunidades cristãs.
“A questão da escravidão, sobretudo nas questões trabalhistas preocupam as comunidades. O tráfico humano é um tema muito forte e atual e foi escolhido para se tocar na questão da dignidade humana”.
A campanha é lançada toda quarta-feira de cinzas e nesse período o cristão reflete sobre sua vida e sobre os grandes temas da humanidade.
Para o padre Gianfranco Graziola, os maiores problemas enfrentados hoje pela humanidade são reflexos da diferença social e do consumismo desenfreado. “O jejum, oração e a caridade são meios utilizados na Quaresma. Temos um mundo individualista onde se esquece o irmão e a esmola nos ajuda nisso. A paz nasce da fraternidade e da partilha e do interesse pelo outro, como diz o papa Francisco”.
Graziola explicou que a campanha também traz a questão dos migrantes e dos refugiados. “Tem gente que migra porque tem guerra e situações de perseguição em seus países. E eles vêm para o Brasil e é preciso ajudar essas pessoas para não alimentar o tráfico e a prostituição”, disse.
O padre reclamou da falta de políticas públicas para ajudar os menos favorecidos. “Temos jardins floridos, mas não temos políticas públicas pelos menos favorecidos”, comparou.
O objetivo geral da Campanha da Fraternidade de 2014 é “identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-las como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e pessoas de boa vontade para erradicar este mal com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus”.
OBJETIVOS – A situação do tráfico humano no país e no mundo é alarmante e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) está atenta para o aumento de vítimas do tráfico humano, do trabalho forçado e do tráfico para a exploração sexual. De acordo com o site da Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil, o tráfico de pessoas faz cerca de 2,5 milhões de vítimas por ano, incluindo homens, mulheres e crianças, mas principalmente pessoas vulneráveis e carentes.
A campanha tem seis eixos: Identificar as causas e modalidades do tráfico humano e os rostos que sofrem com essa exploração; denunciar as estruturas e situações causadoras do tráfico humano; reivindicar dos poderes públicos políticas e meios para a reinserção das pessoas atingidas pelo tráfico humano na vida familiar e no social; promover ações de prevenção e de resgate da cidadania das pessoas em situação de tráfico; suscitar, à luz da Palavra de Deus, a conversão que conduza ao empenho transformador dessa realidade aviltante da pessoa humana; e celebrar o mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo, sensibilizando para a solidariedade e o cuidado às vítimas desse mal.
CYNEIDA CORREIA
Editoria de Política
Fonte: Folha Mobile