Em 1993, as mulheres representavam 1% do pessoal uniformizado em operações de paz das Nações Unidas. Passadas mais de duas décadas, esse número mudou pouco: elas ainda não chegam a 4% do total em atuação. Enquanto a ONU incentiva e defende a participação de mulheres para missões pelo mundo, a responsabilidade pelo envio de mulheres policiais e militares é dos Estados-membros.
Até janeiro de 2014, dos cerca de 99 mil soldados de paz, as mulheres constituíam menos de 3% de militares pouco mais de 10% dos policiais em missões de paz da ONU.
Para mudar esse quadro, a Divisão de Polícia da ONU realiza um esforço global para recrutar mais mulheres policiais em serviços nacionais de policiamento e em operações policiais da ONU em todo o mundo. O objetivo é ter 20% de policiais mulheres até o fim deste ano.
O desafio de gênero é de todo o sistema Nações Unidas e uma prioridade para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Na sede da Organização, em 2012, 48% dos funcionários eram mulheres, com disparidade maior nos postos de hierarquia média e elevada. Nas operações de manutenção da paz e missões políticas especiais, aumenta o grau de dificuldade de se superar o desafio de gênero: as mulheres eram apenas 29% do pessoal internacional e 17% dos trabalhadores nacionais.
Esses números têm se mantido praticamente inalterados ao longo dos últimos anos. Durante 2013, três departamentos da ONU – Suporte aos Trabalhos de Campo, Operações de Paz e Assuntos Políticos – empreenderam um projeto chamado “Aumentando a participação civil nas operações de paz” (Bridging the Civilian Gap in Peace Operation), para entender melhor as barreiras em se atrair, reter e promover o pessoal feminino no campo.
O relatório foi publicado e recomendações estão sendo desenvolvidas para implementação a partir deste ano. Com o pessoal de campo civil representando 53% de todo o pessoal do Secretariado da ONU, um aumento no número de mulheres civis em operações de paz contribuirá para elevar o número de funcionários do sexo feminino servindo às Nações Unidas em geral.
Por que é importante ter mulheres nas forças de paz?
Capacetes-azuis do sexo feminino inspiram mulheres e meninas no local onde atuam, muitas vezes sociedades dominadas por homens, a lutarem por seus próprios direitos e participarem nos processos de paz.
Em muitas sociedades, as mulheres são proibidas de falar com homens. Dessa forma, a presença das capacetes-azuis abre um novo campo de interação e diálogo com a população local. Torna-se mais fácil ouvir as sobreviventes da violência baseada em gênero, registrar a história, assim como alterar o futuro, especialmente de mulheres ex-combatentes durante o processo de desmobilização e reintegração na vida civil.
Forças femininas prestam ainda tutoria durante a formação de mulheres na polícia e nas academias militares locais.
De acordo com o Departamento de Operações de Paz da ONU (DPKO), as forças femininas provam, em todos os setores, que podem executar as mesmas funções masculinas, com os padrões e condições de dificuldade exigidos dos homens.
Fonte: ONU