“A vida mudou completamente, milhares de pessoas que estavam em campos de refugiados ou tinham ido para países vizinhos regressam”, afirmou o general Carlos Cruz, que está há dez meses à frente da MONUSCO. A produção agrícola, referiu, recomeça, já há movimento nas estradas após a derrota no fim do ano passado da rebelião do M23, o maior dos cerca de 200 grupos rebeldes que operam no país, e a população começa a retornar às vilas e aldeias na província de Kivu Norte.
O comandante militar da ONU lembrou que quando em Junho assumiu a força de 20 mil homens das Nações Unidas na RDC, a realidade era bem diferente. “Goma havia sido recentemente invadida pelo M23 e o receio era que voltasse em breve a ser ocupada pelos rebeldes que a mantinham sitiada”, disse.
Um mês depois, salientou, as Forças Armadas da RDC e as tropas da ONU iniciaram uma intensa campanha militar para expulsar os rebeldes dos arredores da cidade e empurrá-los para o norte.
“Pela primeira vez na sua história, as Nações Unidas possuíam uma força de ataque completa e suporte legal para participar na ofensiva, a Brigada de Intervenção”, referiu o comandante.
“A acção militar terminou em Novembro com a rendição total do M23, em grande parte devido a sucessivas acções bem-sucedidas das até então desacreditadas Forças Armadas congolesas”, disse. Apesar dos primeiros resultados positivos, disse, a missão das Nações Unidas de estabilizar o leste da República Democrática do Congo ainda está longe de ser cumprida.
“Uma das maiores preocupações é a intensificação do conflito no norte de Kivu Norte, na área da vila de Beni, onde o grupo rebelde a ser combatido é a milícia islâmica Forças Democráticas Aliadas”, afirmou. Este grupo, criado no Uganda na segunda metade da década de 1990, foi e expulso daquele país após sucessivas acções das forças de segurança locais e estabeleceu-se na RDC, onde voltou a lançar ataques.
Entre as acções atribuídas ao grupo contam-se ataques a aldeias na fronteira que provocaram a fuga de mais de 60 mil refugiados congoleses para o Uganda e o sequestro de mais de 300 pessoas, a maioria ainda consideradas desaparecidas.
“A ONU e a RDC também combatem os rebeldes das Forças Democráticas pela Libertação do Ruanda, rivais do extinto M23 que usam o país como base para cumprir o objectivo de derrubar o governo do seu país” afirmou o general. Ambos os grupos controlam uma extensa e lucrativa rede de exploração de recursos minerais da RDC, especialmente o ouro e substâncias usadas para a produção de componentes electrónicos de alta tecnologia. A principal dificuldade das forças internacionais, disse, é desarticular estas redes e encontrar os rebeldes espalhados em pequenos grupos dispostos numa vasta selva.
A MONUSCO anunciou que quase 80 por cento do território da República Democrática do Congo está reunificado sob a autoridade do Estado, “com Polícia nacional, Exército e instituições que funcionam”. A missão da ONU no país, com um custo de funcionamento de 1,5 milhões de dólares, tem 20 mil homens.
Fonte: Jornal de Angola