Bandeira da Nigéria
Num comunicado divulgado no “site” do ACNUR, a agência informa que refugiados recém-chegados ao Níger têm falado aos seus funcionários sobre “atrocidades nas ilhas e margens do Lago Chad, no estado de Borno, nordeste da Nigéria”.
“Uma mulher descreveu cadáveres espalhados por casas e a flutuarem na água. Disse que as pessoas temiam ficar mesmo apenas para enterrar os seus mortos ou encontrar familiares desaparecidos. Outros disseram ter fugido de um tiroteio numa aldeia e referiram que mulheres e crianças estavam a ser raptadas por homens não identificados”, disse aos jornalistas em Genebra o porta-voz do ACNUR Adrian Edwards, citado no comunicado.
Segundo o porta-voz, os últimos ataques terão começado em meados de Fevereiro e continuam há cinco dias.
“No total, cerca de 2.000 pessoas fugiram para a região de Diffa no sudeste do Níger nas últimas quatro semanas”, indicou Edwards, adiantando que alguns dos recém-chegados vieram de zonas onde também se registam ataques perto da capital do Estado de Bono, Maiduguri.
O grupo radical islâmico Boko Haram tem multiplicado os ataques letais nos estados do nordeste da Nigéria (Adamawa, Borno e Yobe), colocados em estado de emergência em Maio de 2013 e alvo de uma ofensiva das forças armadas nigerianas.
A insurgência naqueles estados provocou mais de 470.000 deslocados internos, segundo o comunicado.
O ACNUR adianta que, além disso, desde a declaração do estado de emergência, mais de 57.000 pessoas fugiram para os Camarões, o Chade ou o Níger, dos quais 17.000 estão registados como refugiados nigerianos. Os restantes são nacionais dos países vizinhos que viviam há décadas na Nigéria.
Criado em 2009 em Damaturu, capital do Estado de Yobe, o Boko Haram é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e procura instaurar um estado islâmico no norte da Nigéria de maioria muçulmana, ao contrário do sul, onde predominam os cristãos.
Fonte: Novo Jornal
