As tropas do regime sírio de Bashar al-Assad, apoiadas pelo Hezbollah libanês, se apoderaram neste domingo (16) da cidade estratégica de Yabrud, o que constitui um avanço importante em uma guerra civil que acaba de entrar em seu quarto ano.
A tomada deste último reduto rebelde nas montanhas de Qalamun, 75 km ao norte de Damasco e perto da fronteira libanesa, foi anunciada pelos meios de comunicação estatais e confirmada por um jornalista no local.
“Tomamos o controle total da cidade às 10h00 da manhã”, afirmou à AFP um oficial, enquanto muitos soldados descansavam sentados nas calçadas, visivelmente cansados.
O controle de Yabrud permitirá ao regime e a seus aliados bloquear qualquer infiltração rebelde em direção ao Líbano, em particular rumo à cidade sunita de Aarsal, que apoia a rebelião.
Para o Hezbollah, é crucial porque, segundo o movimento xiita armado, Yabrud foi o ponto de entrada dos carros-bomba utilizados nos mortíferos atentados que sacudiram seus redutos no Líbano nos últimos meses.
“Nossas valorosas Forças Armadas têm o controle total de Yabrud na província de Damasco e estão passando um pente-fino na cidade para retirar os explosivos colocados pelos terroristas”, indicou a televisão estatal, referindo-se aos rebeldes.
“O exército matou um grande número de terroristas e capturou outros durante sua limpeza da cidade”, acrescentou a televisão, mostrando imagens de combatentes mortos e veículos blindados entrando na cidade.
Brigadas islamitas rebeldes e jihadistas da Frente al-Nosra defenderam durante meses Yabrud, submetida a um bombardeio intenso do exército sírio e das forças do Hezbollah, e a ataques aéreos com barris de explosivos, uma prática denunciada pela ONU.
OS REBELDES PEDEM ARMAS - A perda desta cidade é um duro golpe para a rebelião, muito afetada pelos grupos jihadistas e submetida nos últimos meses a uma ofensiva do regime.
A tomada de Yabrud também permitirá normalizar o tráfego na estrada que une Damasco a Homs, a terceira cidade do país, indicou a televisão.
O geógrafo Fabrice Balanche, especialista da Síria, explicou recentemente que, quando controlasse Yabrud, o regime poderia “se concentrar na defesa ao sul de Damasco, recentemente ameaçado por ofensivas” rebeldes.
No sábado, terceiro aniversário do início do conflito na Síria, o líder opositor Ahmed Jarba convocou a comunidade internacional a fornecer os meios aos rebeldes para que “lutem contra Assad e os jihadistas”, em referência às armas que a oposição não para de exigir dos ocidentais.
O conflito nasceu de um protesto popular pacífico lançado no dia 15 de março de 2011 que se militarizou diante da violenta repressão do regime, até se converter em guerra total.
Três anos de violência custaram a vida de mais de 146.000 pessoas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG, obrigaram mais de nove milhões, segundo a ONU, a fugir de seus lares e destruíram o país, afundado em uma grave crise humanitária na qual as principais vítimas são as crianças.
Fortalecido por seus êxitos militares, Assad, cuja família ostenta o poder há mais de 40 anos, não está disposto a deixar o governo.
O Parlamento votou na quinta-feira uma lei que abre caminho para sua reeleição, excluindo das próximas presidenciais a oposição no exílio, que exige sua saída.
Assad, cujo segundo mandato de sete anos termina no dia 17 de julho, ainda não anunciou oficialmente se será candidato novamente, mas em janeiro disse que havia “fortes possibilidades” de que o fizesse.
A organização destas eleições em pleno conflito foi denunciada pelo mediador internacional Lakhdar Brahimi, que considera que atingem as negociações de paz entre o regime e a oposição, suspensas após duas rodadas infrutíferas em Genebra.
Brahimi, criticado por Damasco, viaja neste domingo ao Irã, um dos poucos aliados do regime de Assad, para se reunir com o presidente Hassan Rohani.
Fonte: AFP