As entregas de alimentos para milhares de pessoas que vivem em uma área bloqueada no sul da capital síria, Damasco, foram interrompidas após o fim de uma trégua e a eclosão de confrontos entre rebeldes e forças leais ao governo sírio, disse o porta-voz das Nações Unidas (ONU) em Damasco, Chris Gunness, nesta segunda-feira (3).
Os confrontos, que irromperam na tarde de domingo (2) e se estenderam até a manhã de segunda, foram os casos mais graves de violência em semanas no distrito de Yarmouk, dominado por palestinos, e comprometeram seriamente uma trégua provisória estabelecida em janeiro.
Gunness exortou as partes envolvidas a “permitir imediatamente” a retomada da ajuda para a área, onde a desnutrição é comum. A ONU “continua profundamente preocupada com a situação humanitária desesperadora em Yarmouk e com o fato de que o aumento das tensões e o uso de armas interromperam os seus esforços para aliviar a situação dos civis”, disse o porta-voz. Ativistas estimam que mais de 100 pessoas morreram de fome ou doenças relacionadas desde que o bloqueio começou há quase um ano, evitando a entrada de alimentos e assistência médica em Yarmouk.
Atiradores rebeldes
A trégua, que levou meses para ser negociada, ruiu depois que atiradores rebeldes retornaram ao local no sábado (1.º). Eles haviam se retirado de Yarmouk há cerca de um mês, tendo sido substituídos por uma patrulha de homens palestinos armados, que deveriam manter afastados tanto rebeldes como combatentes leais ao presidente Bashar Assad. Mas rebeldes acusaram combatentes pró-Assad de violar a trégua, apontou ativista que se identificou como Abu Akram. Um grupo ativista chamado “Palestinos da Síria” fez acusações semelhantes.
No sábado (1.º), rebeldes afirmaram que forças leais a Assad estavam contrabandeando armas para Yarmouk sob o disfarce de patrulhas conjuntas, atrasando a distribuição de alimentos e prendendo jovens à espera de pacotes de comida da ONU. No dia seguinte, insurgentes voltaram ao local. Confrontos eclodiram entre combatentes do Exército Livre da Síria, o Fronte Nusra e outros grupos rebeldes e atiradores de grupos palestinos leais a Assad, relatou Abu Akram.
No total, a ONU distribuiu 7.708 cestas básicas para 18 mil refugiados palestinos registrados em Yarmouk. Ativistas dizem que há outros milhares de sírios deslocados que também vivem no bairro e que sofrem de desnutrição e falta de alimentos.
Fonte: Gazeta do Povo