Na última sexta-feira (28), a subsecretária-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, alertou ao Conselho de Segurança da Organização que a situação humanitária na Síria “é e continuará sendo desoladora enquanto não nos for garantido total e desimpedido acesso” às áreas mais necessitadas.
Amos, que coordena o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), disse que, a despeito da resolução do Conselho determinando o fim do conflito e a ampliação do acesso à assistência, a situação dos sírios pouco mudou, enquanto a violência só fez crescer nas quatro semanas posteriores à publicação da medida.
Destruição e isolamento
Desde 22 de fevereiro, segundo Amos, em torno de 300 casos de violência sexual foram registrados somente na cidade e zona rural de Damasco. “Estou muito preocupada com as centenas de milhares de pessoas desabrigadas em áreas como o leste de Alepo ou Yabroud, ao sul, o que as deixa mais e mais isoladas do nosso sistema de auxílio.”
Em relatório publicado em 24 de março, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, traz uma visão igualmente sombria. Segundo ele, o conflito sírio está dominado por ataques indiscriminados e desproporcionais, com o número de mortes alcançando a marca de 200 pessoas em março.
A situação é mais dramática nas regiões de Damasco, Alepo – no mínimo meio milhão de pessoas deslocadas e 100 mil abrigadas em campos próximos às fronteiras turcas – e Daraa. Nesta última, “as lutas entre forças governistas e opositoras pioraram, deixando em torno de 159 mil pessoas desabrigadas no fim de fevereiro”, informou Ban.
Apesar dos diversos apelos das Nações Unidas pelo fim do confronto e dos constantes reforços ao quadro de ajuda humanitária, “a falta de segurança e controle do material impedem que a assistência vital chegue à população”, continua Amos. “Não obstante os melhores esforços de nossa equipe, apenas 6% das pessoas em áreas sitiadas receberam ajuda no mês passado.”
Ao fim, a representante da ONU pediu ao Conselho para que usasse sua influência a fim de proteger os civis e encontrar uma solução política para as partes em conflito. “À medida que a crise piora, são os homens comuns, mulheres e crianças que, independente de origem, identidade ou crença religiosa, carregam nas costas o peso das lutas.”
Fonte: ONU