O ACNUR anunciou nesta terça-feira (15) que começaram os transportes aéreos e a construção de novos campos para ajudar os refugiados sul-sudaneses que fogem para Etiópia, que somam agora mais de 95.000. Esse número vem aumentando em cerca de 1.000 pessoas por dia.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados disse aos repórteres que estava trabalhando com seus parceiros para melhorar as condições da Etiópia ocidental, na região de Gambela – com chegada de novas barracas, construção de acampamentos e mudança de refugiados para terrenos mais altos por causa da aproximação do período de chuvas.
Na segunda-feira (14) o primeiro voo em ponte aérea com 4.000 tendas de emergência chegou no aeroporto de Gambela. Estas 4.000 tendas estavam sendo enviadas para o campo de refugiados de Lietchuor, a 125 quilômetros distante do centro de Gambela, na terça-feira.
O restante das tendas chegará nos próximos dias, em seis voos, para serem distribuídas em outros campos organizados e operados pelo ACNUR e a Ethiopia’s Administration of Refugees and Returnees Affairs (ARRA) no Estado Regional de Gambela.
O ACNUR terminou de realocar os refugiados que viviam em áreas sujeitas à inundação no acampamento de Kule, a 42 km da cidade de Gambela, para terrenos mais elevados. Uma relocação semelhante começará no acampamento de Leitchuor nesta terça-feira. Com a época de chuvas se aproximando, algumas partes dos acampamentos já estavam sendo afetadas por inundações.
No último final de semana, o ACNUR e a ARRA começaram a limpar a área para um novo campo de refugiados perto de Kule, em uma terra doada pela administração regional de Gambela. O campo acomodará mais de 30.000 refugiados e será localizado em terreno elevado. Espera-se que o campo esteja pronto até o final de abril.
“Refugiados continuam a chegar do Sudão do Sul na região de Gambela em uma média de 800 a 1.000 pessoas por dia, em sua maioria pelo ponto de fronteira Pagak”, disse a porta-voz do ACNUR Melissa Fleming em entrevista coletiva.
Aproximadamente 95% são mulheres e crianças do Estado do Alto Nilo, muitos citaram medo e escassez de comida como principais razões para a fuga. Muitas mulheres relataram que os homens são recrutados à força, enquanto os outros são mortos.
“Alguns refugiados andaram mais de seis semanas para atravessar a fronteira e a taxa de desnutrição entre as crianças continua alta”, disse Fleming.
Mais de 4.000 crianças desnutridas estão em programas de nutrição nos campos, enquanto cerca de 3.500 mulheres em período de amamentação recebem suplemento alimentar. No entanto, o ACNUR registrou uma ligeira queda no número de chegadas à Etiópia desde que a WFP começou a fazer lançamentos de comida por paraquedas no próprio Sudão do Sul.
Com o afluxo contínuo de refugiados e a chegada da temporada de chuvas serem iminentes, autoridades regionais concederam espaço em um lugar mais alto no ponto de fronteira de Pagak para construção de um centro de transição e acolhimento. O novo centro vai acomodar mais de 5.000 pessoas e prover acomodação enquanto os refugiados são registrados e recebem vacinas, checam a saúde, nutrição e outros serviços básicos.
O ACNUR enviou um helicóptero para o transporte de pessoas vulneráveis – idosos, deficientes, mulheres grávidas e lactantes, recém-nascidos e pessoas doentes – do ponto de fronteira Akobo para o acampamento de refugiados Lietchuour.
A maioria dos refugiados que chegam à Akobo viajam mais de 15 horas para Burubiey, outro ponto de entrada, onde eventualmente são instalados em campos de refugiados. Cerca de 190 pessoas mais vulneráveis, que não tem condições para fazer essa viagem de barco, foram levadas ao campo de Leitchuour em 11 voos nas últimas duas semanas, os voos de 30 minutos continuam.
Alguns dos 86.000 refugiados que fogem do atual conflito no Sudão do Sul hoje residem em quatro campos – Kule, Lietchuor, Pugnido e Okugo – com mais de 9.600 pessoas para ainda serem relocadas a partir dos pontos de fronteira.
O ACNUR e seus parceiros precisam arrecadar 102 milhões de dólares para atender as necessidades básicas de refugiados sul-sudaneses, na Etiópia. Desse montante, O ACNUR necessita de US$43.6 milhões, com apenas 12% financiados até agora.
Por: ACNUR