O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) denunciou, na última sexta-feira (28), a decisão do governo queniano de determinar que cerca de 50 mil refugiados, em sua maioria somalis, voltem para os campos após uma recente onda de violência na região.
“Todas as comunidades estão afetadas pela insegurança, e colocar os refugiados como ‘bodes expiatórios’ não é uma resposta. A implementação do acampamento Blanket é uma medida arbitrária e irracional, e carrega uma ameaça à dignidade humana”, disse Adrian Edwards, porta-voz da ACNUR, em uma coletiva de imprensa em Genebra.
Na terça-feira (25), o governo queniano anunciou que os refugiados registrados devem sair das cidades para o campo de Dadaab, que já abriga mais de 400 mil refugiados, principalmente somalis, ou para Kakuma, um grande campo na região do deserto ocidental do Quênia, onde estão mais de 125 mil refugiados do Sudão do Sul, Sudão e Somália, entre outros países.
De acordo com relatos da imprensa, as autoridades quenianas emitiram uma ordem que restringe os refugiados a se estabelecer apenas nos dois campos, após um ataque recente mortal por homens armados e desconhecidos, próximo a cidade portuária de Mombasa.
Estimulando o governo queniano a reconsiderar as medidas, segundo o porta-voz, embora o ACNUR entenda a preocupação com a segurança das cidades, tais medidas generalizadas são ineficazes e põe pessoas inocentes em risco, além de serem discriminatórias por ter como alvo pessoas com base na nacionalidade.
“Os refugiados estão com máxima insegurança em relação à população geral”, disse Edwards, pedindo uma solução mais sensível às necessidades de proteção. “Estamos em contato com o governo queniano para ver como as suas preocupações de segurança podem ser tratadas em conformidade com as normas e práticas jurídicas internacionais.”
O Quênia tem uma longa história com o acolhimento de milhares de refugiados. A população de refugiados atual no país soma mais de 550 mil pessoas, das quais cerca de 430 mil são da Somália.
Fonte: ONU