Três agências das Nações Unidas – o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) – deram início na última sexta-feira (28) a uma operação de urgência para entregar alimentos, vacinas, suplementos nutritivos e outros suprimentos vitais para áreas remotas no Sudão do Sul, em resposta à crise crescente na recém-formada nação.
Os chefes do PMA e do ACNUR chegaram nesta segunda-feira (31) aos destinos planejados e, juntamente com equipes da ONU, estão avaliando as necessidades dos residentes e as melhores respostas para a crise humanitária do país.
A visita de dois dias de Ertharin Cousin, diretora executiva do PMA, e António Guterres, alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, ocorre em meio à propagação “alarmante” da fome e dos deslocamentos na sequência do conflito que irrompeu em meados de dezembro.
Outras 14 missões semelhantes estão planejadas para abril, visando ao auxílio de quase 250 mil pessoas, e espera-se que outras agências se unam à parceria humanitária. “Crianças e famílias sul-sudanesas estão enfrentando um sofrimento sem precedentes”, diz Jonathan Veitch, representante do UNICEF no país, “com sinais preocupantes de subnutrição e surtos de doenças”.
No início de março, o PMA iniciou uma série de entregas aéreas de alimentos em áreas inacessíveis graças à baixa segurança e outros obstáculos. “O conflito”, diz o diretor da agência no país, Chris Nikoi, “está levando milhões de pessoas à fome e dificultando nossos esforços de auxílio, e tememos que as coisas possam ficar ainda piores”.
Além de um aumento no surto de doenças como sarampo e pólio, o UNICEF observou que crianças representavam a maior parcela de refugiados e pessoas deslocadas. “As crianças”, disse Sarah Crowe, porta-voz do UNICEF, “têm vivido um aumento da violência, com a ocupação das escolas por grupos armados e a queda dramática do número de matrículas”.
Embora doenças como a cólera estejam, por enquanto, sob controle, a chegada da estação chuvosa, além de favorecer a transmissão, pode tornar várias regiões do país inacessíveis, ampliando a complexidade e os custos das missões humanitárias, segundo Crowe.
Apesar de o país estar quase implodindo, a atenção da mídia tem sido limitada. “A comunidade internacional”, continua Crowe, “tem uma obrigação especial com o Sudão do Sul, a mais nova nação do mundo”. Suspeita-se também de que crianças estejam sendo recrutadas como soldados no país, mas dados sobre o caso ainda são inconclusivos.
Fonte: ONU