ONU ensina pequenos libaneses a reconhecer explosivos, para diminuir riscos de tragédias
Crianças de escola de Nagoura, no sul do Líbano, tiveram nesta sexta-feira aulas de reconhecimento de minas e granadas não detonadas. A ação foi promovida pelas forças de segurança das Nações Unidas que atuam na região. Os pequenos libaneses aprenderam a manipular aparelhos magnéticos que detectam explosivos enterrados na areia, e também tiveram lições para diferenciar as bombas de outros objetos.
Muitas crianças de zonas de conflitos têm sido vítimas de explosões de artefatos. Um dos casos recentes mais dramáticos foi no Afeganistão: a menina Shan Bibi Tarakhail, 7 anos, perdeu um braço e um olho depois que achou uma granada, segurou-a pensando ser uma pedra e a jogou no chão. O irmão de Shan Bibi morreu no incidente. A violência no Líbano tem como pano de fundo a guerra civil no país vizinho, a Síria. A população libanesa está dividida entre partidários e opositores do regime do presidente sírio, Bashar al Assad.
Sunitas e alauitas
Os confrontos são entre integrantes da facção muçulmana sunita e os da alauita, à qual pertence Assad. O Hezbollah, organização paramilitar fundamendalista islâmica do Líbano, participa da guerra síria ao lado das forças leais a Assad.
O engajamento do Hezbollah na guerra da Síria aumentou ainda mais as tensões religiosas no Líbano. Cada vez mais os sunitas apóiam os rebeldes sírios, que também são fortemente armados e querem derrubar Assad. Desde meados de 2013, houve vários atentados contra feudos do Hezbollah no Líbano, cometidos por grupos extremistas sunitas em represália ao envolvimento da organização na situação da Síria.
Os confrontos em território sírio começaram em maço de 2011. Uma revolta popular, a princípio pacífica, contra o regime de Assad, ganhou contornos de uma guerra civil à medida que os rebeldes se armaram diante da repressão do governo.
Abrigo para um milhão de refugiados
O número de cidadãos da Síria que fugiram da guerra civil e buscaram abrigo no Líbano superou este semana a marca de 1 milhão. A ONU advertiu que esta situação não só causa aumento da violência no Líbano, como afeta profundamente a sua economia.
Os refugiados, metade deles crianças, já representam 25% da população libanesa, informou o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). São cerca de 2,5 mil pessoas por dia que entram no Líbano. A ONU calcula em 2,6 milhões o número de sírios obrigados a fugir para países vizinhos. O Líbano virou o país “com a maior concentração per capita de refugiados em todo mundo”, diz a ONU.
Fonte: O DIA