ACNUR emite novo apelo para refugiados da República Centro-Africana em Camarões

sexta-feira, maio 23, 2014

Crianças desnutridas da República Centro-Africana se alimentam com suas mães, no Hospital de Batouri. Muitas crianças que atravessaram a fronteira para Camarões estão sofrendo de desnutrição.

Crianças desnutridas da República Centro-Africana se alimentam com suas mães, no Hospital de Batouri. Muitas crianças que atravessaram a fronteira para Camarões estão sofrendo de desnutrição.

A Agência da ONU para Refugiados, nessa sexta-feira, fez um novo apelo por fundos com a finalidade de ajudar o crescente número de refugiados da República Centro-Africana (RCA) que chegam ao leste de Camarões. Muitos chegam desnutridos e adoentados devido à caminhada de semanas e, também, por passarem vários dias se escondendo no meio da mata.

O porta-voz do ACNUR Adrian Edwards disse aos jornalistas em Genebra que a taxa de mortes entre as crianças refugiadas tem sido particularmente alta nas últimas semanas. “Vinte e nove crianças, sendo o mais novo um bebê e o mais velho com nove anos, morreram entre 14 de abril e 18 de maio – a maior parte deles em centros de alimentação terapêutica, aonde eles chegaram já em estado grave. Desidratação, hipotermia, e anemia aguda estão entre as principais causas das mortes”, ele disse.

Os refugiados da RCA têm chegado à Camarões desde 5 de dezembro por meio de 30 pontos ao longo da fronteira. No momento, há 85.000 refugiados em cerca de 300 vilas, o que torna extremamente difícil a assistência de suas necessidades por parte das agências humanitárias. Na área mais afetada, próxima de Gbiti, as taxas de desnutrição aguda entre as crianças refugiadas recém-chegadas estão perto de 40%.

“Estamos realocando os refugiados para longe da fronteira, para seis lugares que criamos, bem como para diversas vilas. Mais de 25.000 refugiados foram realocados até o momento. Isso tem se tornado, acrescenta ele, um motivo de pressão, pois há relatos de infiltração de guerrilheiros Anti-Balaka em Camarões”, contou Edwards, completando que no dia 14 de maio tiros da República foram ouvidos próximos a um local de refugiados, em Gbiti.

No presente, mais de 2.000 refugiados estão atravessando a fronteira com Camarões semanalmente, abaixo do pico registrado na última semana de março, que era de 10.000 pessoas. As chegadas diminuíram no início de abril depois que milicianos Anti-Balaka, que já haviam atacado refugiados ao longo do caminho, bloquearam a principal estrada de acesso a Camarões. Refugiados recém-chegados disseram aos funcionários do ACNUR que muitos de seus familiares permanecem presos na mata, do outro lado da fronteira.

Edwards disse que o ACNUR estabeleceu três novas bases na parte oriental de Camarões para melhor ajudar os refugiados que chegam do outro lado da fronteira, mas a Agência não consegue se estender para os 30 pontos de entrada na fronteira. “Desde março estamos com 35 funcionários divididos em grupos na região. Cada grupo inclui especialistas em proteção, serviços comunitários, registro, saúde e nutrição, água e saneamento, planejamento local e abrigo”, disse o porta-voz.

“Enquanto os esforços humanitários estão salvando vidas, estamos acelerando a instalação de mais ONG’s para os setores mais críticos, como saúde e nutrição. Atualmente, a capacidade das ONG’s nas áreas de acolhimento de refugiados é preocupante. Muitas agências têm relatado dificuldades em cobrir o vasto leque de necessidades”, ele aponta.

O ACNUR está trabalhando com a UNICEF, Programa Mundial de Alimentos (PMA) e cinco agências de assistência médica para reduzir as taxas de desnutrição e as mortes. Isso inclui o fornecimento de terapia e suplemento alimentar para os desnutridos, distribuição de comida para os refugiados, campanhas de vacinação e fornecimento de água potável, saneamento e abrigo.

“O aumento do financiamento é necessário para expandir os serviços e melhor lidar com a situação”, disse Edwards. “O ACNUR renovou seu pedido aos doadores para que urgentemente criem um fundo para as operações humanitárias em Camarões”, acrescentou.

Dos US$22.6 milhões que o ACNUR pediu para ajudar a população, recebeu apenas US$4.2 milhões. Ademais, o Plano Regional de Resposta para a RCA está apenas 12% financiado. Esse plano envolve o ACNUR e 14 parceiros em quatro países afetados pela crise de refugiados da RCA – Camarões, República Democrática do Congo e República do Congo.

Por: ACNUR


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