Agência da ONU alerta para recorde de 33 milhões de deslocados internos por guerras

sábado, maio 17, 2014

Dezenas de milhares de deslocados internos na República Centro-Africana encontraram abrigo no aeroporto de Bangui. O país foi um dos três com o maior número de novos deslocados em 2013. Foto: ACNUR/ A.Greco

Dezenas de milhares de deslocados internos na República Centro-Africana encontraram abrigo no aeroporto de Bangui. O país foi um dos três com o maior número de novos deslocados em 2013. Foto: ACNUR/ A.Greco

Um novo informe do Observatório de Deslocamento Interno (IDMC) indica que 33,3 milhões de pessoas se encontravam internamente deslocadas no final do ano de 2013 como consequência dos conflitos e da violência.

Segundo a agência da ONU para refugiados (ACNUR), isto significa um aumento assombroso em comparação aos 4,5 milhões em 2012, representando o nível mais alto pelo segundo ano consecutivo.

O IDMC, que faz parte do Conselho Norueguês para Refugiados (NRC), apresentou esta semana seu Informe Global de 2014 na ONU em Genebra, junto com o ACNUR. O informe destaca que, entre os 33,3 milhões de deslocados internos em todo o mundo, aproximadamente 63% são provenientes de apenas cinco países afetados por conflitos: Síria, Colômbia, Nigéria, República Democrática do Congo (RDC) e Sudão.

O informe – que aponta, pela primeira vez, dados sobre a Nigéria – indica que 3,3 milhões de nigerianos se deslocaram devido ao conflito.

“Estes números, sem precedentes, de pessoas que se viram forçadas a se deslocar dentro de seu próprio país, confirmam uma tendência inquietante dos deslocamentos internos desde que o IMDC começou a monitorar e analisar pela primeira vez os deslocamentos nos anos de 1990”, disse Jan Egeland, secretário-geral da NRC.

“Este drástico aumento dos deslocamentos forçados em 2013 e o fato de que o tempo médio das pessoas que vivem em condições de deslocamento em todo o mundo chegou aos 17 anos, sugere que algo está muito errado na maneira com a qual estamos focando e abordando o problema”, enfatizou Egeland.

O alto comissário do ACNUR, António Guterres, acrescentou: “Todos deveríamos estar preocupados com estes números, pois a tendência é aumentar. Temos uma responsabilidade comum em atuar para dar um fim a este sofrimento massivo. A proteção imediata e a assistência às pessoas deslocadas internas se configuram como um imperativo humanitário”.

Síria responde pela maior parte dos novos deslocamentos

No fim de 2013, o número de pessoas deslocadas no decorrer do ano alcançou 8,2 milhões, um aumento de 1,6 milhões de pessoas em comparação com o ano anterior. Um dado impressionante é que 43% de todas as pessoas que se deslocaram mundialmente em 2013 foram os deslocados dentro da Síria.

“O informe do IDMC destaca a realidade espantosa dentro da Síria, que representa, atualmente, a maior crise de deslocamento interno do mundo”, disse Egeland. “O problema não é apenas que os grupos armados controlam as áreas onde se encontram os campos de deslocados internos, mas também há o fato de que estes campos são mal administrados, não proporcionam refúgio adequado, carecem de serviços de saneamento apropriados, além de a entrega da ajuda ser limitada”.

O informe do IDMC indica ainda que grandes concentrações de deslocados internos têm sido objeto de bombardeios de artilharia e de ataques aéreos.

Com 9.500 pessoas por dia – aproximadamente uma família a cada 60 segundos – deslocadas dentro do país, a Síria continua representando a maior crise de deslocamento e a que mais se agrava no mundo.

Os três países que mostram os piores níveis de novos deslocados – Síria, República Centro-Africana e República Democrática do Congo – representam, em conjunto, 66% dos 8,2 milhões de novos deslocados no ano.

“Não se trata somente daqueles que se veem obrigados a fugir de crises relativamente novas, como na Síria e na República Centro-Africana, mas também reflete a terrível situação que ainda enfrentam pessoas inocentes que se encontram presas em meio a um conflito prolongado, como na República Democrática do Congo, um país que tem sofrido distúrbios constantes desde meados da década de 1990”, disse Alfredo Zamudio, diretor do IDMC.

“Estas tendências não preveem nada bom para o futuro. Devemos nos sentar, escutar e atuar, colaborando mais para por fim a esta miséria que afeta milhões de pessoas. O pessoal humanitário por si só não pode fazer isso”, disse Egeland.

O informe está disponível no site do Observatório de Deslocamento Interno (IDMC), acesse aqui.

Fonte: ONU


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