Aviação síria mata 17 crianças em escola de Aleppo

quinta-feira, maio 1, 2014

Foto de KHALED KHATIB/ALEPPO MEDIA CENTRE/AFP

Foto de KHALED KHATIB/ALEPPO MEDIA CENTRE/AFP

A aviação do regime sírio bombardeou nesta quarta-feira um bairro rebelde de Aleppo, no norte do país, matando ao menos 20 pessoas, incluindo 17 crianças em uma escola.

O bombardeio atingiu uma escola no bairro de Ansari, na segunda maior cidade da Síria, devastada por mais de três anos de guerra civil, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Militantes baseados em Aleppo transmitiram imagens de uma fileira de corpos de crianças em sacos cinzas, alguns ensanguentados.

O ataque ocorre no dia seguinte à morte de cerca de 100 pessoas, incluindo quase 80 civis, em um duplo atentado com carros-bomba em um bairro favorável ao regime em Homs (centro), reivindicado pelos rebeldes jihadistas.

A escalada da violência é registrada a menos de um mês da eleição presidencial de 3 de junho, na qual o presidente Bashar al-Assad certamente será reeleito.

A Rússia, aliada de Assad, expressou sua preocupação com “os níveis alarmantes da violência nos últimos dias contra a população civil”, jogando a responsabilidade pela situação “para grupos armados ilegais”.

Mais ao sul, em Homs, o registro de mortos do duplo atentado de terça-feira no bairro de maioria alauíta chegou a 100.

A Frente Al-Nosra, braço oficial da Al-Qaeda na Síria, reivindicou a autoria do ataque.

O grupo afirmou que havia detonado o primeiro carro-bomba “para provocar o maior número de mortos entre os shabiha (milicianos pró-regime)” no bairro de Al-Abasiya. Em seguida, explodiram o segundo carro na mesma área.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lamentou em um comunicado a “escalada” dos “ataques contra escolas e outros alvos civis, que causaram dezenas de mortos e feridos entre as crianças”, apesar de “todos os apelos pelo fim deste ciclo louco de violência”.

A violência em Homs e Damasco “é uma mensagem dos rebeldes a Assad de que não haverá áreas seguras para a realização da eleição”, declarou Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.

No penúltimo dia para apresentação de candidaturas à eleição presidencial, o chefe do Parlamento anunciou seis novos candidatos, elevando a 17 o número de concorrentes, todos desconhecidos, exceto Assad, que deverá ser eleito para um terceiro mandato de sete anos. Ele chegou ao poder ao suceder seu pai Hafez, falecido em 2000.

- Crise Humanitária -

Com a crise humanitária, um terceiro e enorme campo de refugiados para os sírios que fugiram da guerra em seu país foi aberto nesta quarta-feira na Jordânia, onde a ONU e um ministro exigiram mais ajuda da comunidade internacional.

O campo de Azraq pode acolher, no momento, até 50.000 pessoas, mas, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), sua capacidade pode chegar a 130.000 refugiados futuramente.

Cerca de 580.000 refugiados da Síria foram oficialmente registrados pela ONU na vizinha Jordânia.

O acampamento de Azraq deve ajudar a aliviar a pressão sobre o campo de Zaatari, no norte do país, para onde mais de 100.000 sírios fugiram, o equivalente à população da quinta maior cidade da Jordânia.

“Este é provavelmente o maior campo de refugiados do mundo”, declarou o representante do Acnur na Jordânia, Andrew Harper, durante a inauguração do campo, localizado no deserto, 100 km a leste de Amã.

Em Nova York, a responsável pelas operações humanitárias das Nações Unidas, Valerie Amos, constatou o fracasso dos esforços para melhorar a entrega de ajuda aos sírios, citando “242.000 sírios sitiados” pelos combates.

Em um relatório anual do Departamento de Estado, os Estados Unidos, que apoiam a rebelião, advertiram para o risco do surgimento de uma “nova geração de terroristas” na Síria, onde a guerra atrai milhares de combatentes estrangeiros que vão lutar contra o regime, que recebe a ajuda de milícias xiitas, como o Hezbollah.

O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, disse nesta quarta que a decisão dos ocidentais de não intervir militarmente na Síria em 2013, depois de um ataque químico devastador em uma área próxima a Damasco, foi um “erro” que enfraqueceu a sua posição diante da Rússia.

Fonte: Yahoo Notícias


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