Diretor da agência aponta para “deficit de compromisso político” para mobilizar apoios para as vítimas do conflito; John Ging destaca dilema enfrentado pelas populações e pela comunidade humanitária.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O diretor de Operações do Escritório da ONU para a Assistência Humanitária, Ocha, disse que as prioridades para os centro-africanos são segurança, financiamento e “atenção que ultrapassa a situação humanitária.”
John Ging considerou necessário restaurar os meios de subsistência das populações, ao pedir mais atenção de parceiros de desenvolvimento. Conforme destacou, o risco é que seja dado maior foco aos pedidos de assistência humanitária em relação ao apoio para a sua autossuficiência.
Medo
Em declarações a jornalistas em Nova Iorque, após visitar recentemente o país, Ging disse que a situação humanitária está a deteriorar.
Conforme contou, a base para o medo é real. De acordo com o responsável, o desafio na área de segurança é maior do que a capacidade de resposta da comunidade internacional.
Como explicou, o facto coloca tanto ao país como aos outros Estados no que chamou de “dilema impossível: no qual se os centro-africanos ficam no país podem ser mortos e se fogem, essa não é a solução para o conflito.”
Golpe
Na República Centro-Africana decorrem confrontos entre as milícias anti-Balaka, de maioria cristã, e dos ex-rebeldes Séléka, compostos por muçulmanos que levaram a cabo o golpe de Estado de 2012.
Centenas de milhares de deslocados surgiram como consequência dos confrontos, que segundo a ONU deram origem a 2,2 milhões de pessoas desesperadamente carenciadas de ajuda humanitária.
Compromisso
Ging destacou a prontidão da União Africana e da França pelo envio de forças que disse que “estão a fazer a diferença ao salvar vidas, apesar de estarem aquém do nível requerido.” No total, 7 mil soldados foram implantados pelas partes no país africano.
O representante instou à União Europeia a mobilizar urgentemente forças para conter a situação, ao ter destacado o que chamou de “deficit de compromisso político dos países para mobilizar apoios.”
Fonte: Rádio ONU