O lançamento das bombas atômicas sobre o Japão era dispensável

domingo, maio 11, 2014

luis_nassif (1)A tomada de decisão dos EUA para lançar bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, foi concebida, não para acabar com a Segunda Guerra Mundial, mas para dar o pontapé inicial na Guerra Fria.

As Forças Armadas assinaram um plano para explodir aviões americanos, usando um elaborado plano que envolvia a troca de aviões para colocar a culpa sobre os cubanos e justificar uma invasão em Cuba.

Dick Cheney é o ideólogo e patrocinador da ideologia geopolítica de dominação global e Obama está seguindo fielmente a sua cartilha para intervir na Ucrânia.

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Acreditamos que o comunismo soviético era uma abominação. Stalin, certamente, um tirano, matou ou jogou inúmeros inimigos políticos em manicômios e temos, também, tolerância menor ainda para idiotas úteis que defendem o comunismo como uma força para o bem.

Em suma, odiamos o comunismo da era soviética e Putin dirige a Rússia como se fosse seu brinquedo, com pouca atenção para os desejos do seu povo.

Mas os belicistas americanos também exageram a ameaça russa com mentiras, cometem atrocidades e continuam contando mentiras por cerca de sete décadas.

A América iniciou a Guerra Fria antes do Final da 2ª Guerra Mundial

Joseph Stalin e os soviéticos – mais de 20 milhões russos morreram lutando contra os nazistas na 2ª Guerra Mundial – foram a chave auxiliar para os EUA vencer a guerra contra os nazistas alemães.

No entanto, os EUA começou a investirr contra Stalin – e tratá-lo como inimigo – antes que a Segunda Guerra Mundial tivesse efetivamente chegado ao fim.

As bombas atômicas sobre o Japão foram lançadas com um objetivo: derrotar os japoneses e enviar uma mensagem a Stalin que os EUA estavam no comando.

“Desde que as duas bombas atômicas foram lançadas sobre o Japão, alguns historiadores têm sugerido que as armas tinham um objetivo em duas frentes e que o segundo objetivo foi demonstrar a nova arma de destruição em massa para a União Soviética. Em agosto de 1945, as relações entre a União Soviética e os Estados Unidos se deterioraram gravemente. A Conferência de Potsdam entre o presidente dos EUA, Harry S. Truman, o líder russo Joseph Stalin e Winston Churchill (antes de ser substituído por Clement Attlee) terminou apenas quatro dias antes do bombardeio de Hiroshima. O encontro foi marcado por recriminações e suspeita entre norte-americanos e soviéticos. Exércitos russos ocupavam a maior parte da Europa Oriental. Truman e muitos de seus conselheiros esperavam que o monopólio atômico dos EUA oferecesse alavancagem diplomática contra os soviéticos. Desta forma, o lançamento da bomba atômica sobre o Japão pode ser visto como o primeiro tiro da guerra fria” – History.com

“A decisão dos EUA de lançar bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945 foi concebida para dar o pontapé inicial da Guerra Fria, em vez de acabar com a Segunda Guerra Mundial, de acordo com dois historiadores especializados na área nuclear que dizem ter nova evidência apoiando a controversa teoria.

A morte mais de 200.000 pessoas há 60 anos, através da reação de fissão entre urânio e plutônio, foi feita mais para impressionar a União Soviética do que o Japão. E o culpado foi Harry Truman, o presidente dos EUA, quem tomou a decisão.” – New Scientist

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A explicação convencional – usar bombas para acabar com a guerra e salvar vidas – não é aceita por Kuznick e Mark Selden, historiadores da Universidade de Cornell em Ithaca, Nova York, EUA.

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Novos estudos lançados sobre arquivos diplomáticos japoneses, soviéticos e americanos sugerem que o principal motivo de Truman era limitar a expansão soviética na Ásia, segundo Kuznick. O Japão se rendeu porque a União Soviética começou a invasão alguns dias após o bombardeio de Hiroshima e não por causa das próprias bombas atômicas, diz ele.

De acordo com Walter Brown, assistente do então secretário de Estado James Byrnes, Truman havia acordado, em uma reunião realizada três dias antes do lançamento da bomba sobre Hiroshima que o mote seria “a procura da paz”. Truman havia sido informado pelos seus generais do exército, Douglas MacArthur e Dwight Eisenhower, e o chefe naval, William Leahy, que não havia nenhuma necessidade militar de usar a bomba atômica sobre o Japão.

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“Impressionar a Rússia era mais importante do que finalizar a guerra no Japão”, afirma Selden.

O secretário dos EUA durante a guerra, Henry Stimson, disse ao presidente Truman que estava “receoso” que o bombardeio aéreo dos EUA sobre o Japão, talvez, não fosse capaz de, plenamente, “mostrar a força da nova arma”. Mais tarde, ele admitiu que “nenhum esforço foi feito e nenhum foi considerado seriamente, para alcançar a rendição sem ter que usar a bomba”. Os seus parceiros de política externa estavam tão ansiosos “para amedrontar os russos com a bomba que o ataque foi realizado espalhafatosamente” . O General Leslie Groves, diretor do Projeto Manhattan que fez a bomba, testemunhou: “Nunca houve qualquer ilusão da minha parte de que a Rússia era o nosso principal inimigo e que o projeto foi realizado com base nisso” - John Pilger.

O professor de Economia Política da Universidade de Maryland, ex Diretor Legislativo na Câmara dos Representantes do Senado dos EUA e assessor especial do Departamento de Estado, Gar Alperovitz, disse:

“Um número crescente de historiadores reconhecem agora que os Estados Unidos não precisavam usar a bomba atômica para acabar com a guerra contra o Japão em 1945. Além disso, este juízo essencial foi expresso pela grande maioria dos principais líderes militares norte-americanos do Exército, Marinha e Força Aérea do Exército nos anos posteriores ao fim da guerra. E isso não foi o julgamento de “liberais”, como às vezes se pensa hoje. Na verdade, os líderes conservadores eram muito mais francos em impugnar a decisão como injustificada e imoral do que os liberais americanos, nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial.”

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“Em vez de permitir o uso de outras opções para acabar com a guerra – como deixar os soviéticos atacarem o Japão com as forças terrestres -  os Estados Unidos apressaram para usar duas bombas atômicas em quase exatamente ao mesmo tempo que um ataque soviético tinha sido originalmente programado para o dia 8 de agosto: Hiroshima foi bombardeada em 6 de Agosto e Nagasaki em 9 de agosto. O momento em si tem, obviamente, levantado dúvidas entre muitos historiadores. As evidências disponíveis, embora não conclusivas, sugerem fortemente que as bombas atômicas podem muito bem ter sido utilizadas em parte porque os líderes americanos PREFERIRAM colocar o fim da guerra com as bombas em vez de aguardar o ataque soviético, segundo o historiador Martin Sherwin, ganhador do prêmio Pulitzer. Impressionando antecipadamente os soviéticos, durante a disputa diplomática, parece provável que tenha sido um fator significativo para o início do que se tornou a Guerra Fria.”

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A perspectiva mais esclarecedora, no entanto, vem de líderes militares americanos da Segunda Guerra Mundial. A sabedoria convencional de que a bomba atômica salvou um milhão de vidas é tão difundida que a maioria dos americanos não fez uma pausa para refletir sobre algo tão impressionante para qualquer pessoa seriamente preocupada com a questão: não só mais os principais líderes militares norte-americanos que pensam que os bombardeios foram desnecessários e injustificados; muitos ficaram moralmente ofendidos com o que eles consideravam como a destruição desnecessária de cidades japonesas e da população essencialmente não combatente. Além disso, eles falaram sobre isso de forma aberta e publicamente.

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Pouco antes da sua morte, o general George C. Marshall defendeu a decisão de bombardeio atômico sobre o Japão, mas na maior parte dos registros arquivados ele aparece repetidamente dizendo que ela não foi uma decisão militar, mas sim um ato político.

O General Dwight Eisenhower disse que “o Japão já estava derrotado e o lançamento da bomba era completamente desnecessário, porque os japoneses estavam prontos para se renderem e não era necessário atingi-los com aquela coisa terrível.”

O chefe de gabinete de Truman, o almirante William Leahy, que presidiu as reuniões da hierarquia das Forças Armadas, afirmou:

“O uso desta arma bárbara em Hiroshima e Nagasaki não foi de nenhuma ajuda material em nossa guerra contra o Japão. Os japoneses já estavam derrotados e prontos para se renderem por causa do bloqueio marítimo eficaz e o sucesso do bombardeio com armas convencionais.”

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AMERICANOS FAZEM CAMPANHAS COM TRUQUES SUJOS E BRUTAIS POR MAIS DE 70 ANOS

Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, os EUA apoiaram os combatentes nazistas na Ucrânia, numa tentativa de desalojar o controle soviético daquele país.

Além disso:

No final de setembro de 1947, George Kennan pediu a Forrestal para estabelecer um “corpo de guerrilha” – uma sugestão que ele aprovou com entusiasmo – embora os comandantes das Forças Armadas tenham se posicionado contra o estabelecimento de uma “guerra de guerrilha em separado”. Em dezembro, Truman aprovou o anexo secreto NSC 4-A, autorizando a CIA a realizar operações encobertas. Ele havia desmantelado os recursos do Office of Strategic Services - OSS para as práticas de operações secretas paramilitares em setembro de 1945, mas, naquele momento, Truman trouxe de volta a utilização dos serviços mercenários financiados pelos EUA. No verão de 1948, ele aprovou o NSC 10/2, que foi registrado como “medidas de propaganda, guerra econômica, ação direta preventiva, incluindo sabotagem e anti-sabotagem, demolição e evacuação; subversão contra estados hostis, incluindo assistência aos movimentos subterrâneos, guerrilheiros e grupos de libertação de refugiados, e apoio a elementos anticomunistas indígenas dos países ameaçados do mundo livre”. Essas atividades eram para serem realizadas sem comprometer o governo dos EUA para que sempre pudessem fazer uma negação plausível. Em agosto de 1948, Truman aprovou o NSC 20, autorizando operações de guerrilha na União Soviética e na Europa Oriental.

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Nos primeiros dias de Truman no governo foram aprovadas as orientações sobre a linha-dura anticomunista, a negação dos acordos estabelecidos entre Roosevelt e Stalin, o lançamento provocativo e desnecessário das bombas atômicas e a propagação de uma rede de bases militares ao redor do mundo. Em discurso em Fulton, Churchill aconselhou Truman para combater o comunismo na Grécia, fazer a divisão e a remilitarização da Alemanha, realizar testes continuados cada vez maiores de bombas atômicas e de hidrogênio, para ameaçar a União Soviética, e solicitou que Truman exagerasse propositalmente a ameaça comunista, tanto no exterior como em casa, além de perseguir e silenciar quem desafiasse essas recomendações. Em todas essas questões, com poucas exceções, os Estados Unidos, depois de liberar com sucesso na Europa Ocidental do domínio nazista, passou a sinalizar a agressão de conhecimento geral e provocar o medo entre as nações.

Os EUA também admite que os EUA e a OTAN também usaram falsas bandeiras terroristas em ataques para desacreditar os soviéticos.

Por exemplo:

  • A CIA admite que contratou iranianos em 1950 para posar como comunistas e fazer atentados no Irã, a fim de colocar o povo contra o seu primeiro-ministro democraticamente eleito.
  • Um ex-primeiro-ministro italiano, um juiz italiano, e o ex-chefe da contra-espionagem italiana admitem que a OTAN, com a ajuda do Pentágono e da CIA, realizou atentados terroristas na Itália e outros países europeus na década de 1950, culpando os comunistas, a fim de conseguir apoio do povo para os governo aliados na luta contra o comunismo no continente.

Um participante neste programa, anteriormente ultra secreto, declarou:

“Civis – homens, mulheres, crianças, pessoas inocentes e desconhecidas, distantes de qualquer jogo político -  tinham que ser atacados. A razão era muito simples: forçar o público italiano a recorrer ao Estado para pedir maior segurança.”

[ A Itália e outros países europeus, submetidos à campanha de terror americano, haviam se juntado à OTAN antes dos atentados ocorrerem ] – veja este especial da BBC.

  • Como admitido pelo governo dos EUA, em documentos recentemente desclassificados, na década de 1960, os comandantes americanos das Forças Armadas assinaram um plano para explodir aviões americanos (usando um elaborado sistema que envolvia a troca de aviões), para cometer atos de terrorismo em solo americano e, em seguida, colocar a culpa sobre os cubanos, a fim de justificar uma invasão em Cuba. Veja a seguinte reportagem da ABCdocumentos oficiais e a entrevista com o ex-produtor do Peter Jennings, do Washington Investigative para ABC World News Tonight.

OS EUA E A OTAN ESTÃO TENTANDO CERCAR MILITARMENTE A RÚSSIA DESDE 1991

O Presidente George HW Bush prometeu ao líder soviético Mikhail Gorbachev que, se os russos se separassem da União Soviética e dissolvessem o Pacto de Varsóvia, a OTAN não colocaria as suas bases em ex países soviéticos, garantindo aos soviéticos que a OTAN não iria cercar a Rússia.

Da mesma forma, a Alemanha prometeu a Gorbachev que a OTAN não expandiria “uma polegada para o leste”, como explica Andrew Gavin Marshall:

“A queda do Muro de Berlim, em 1989, forçou a retirada negociada da União Soviética da Europa Oriental. A ‘velha ordem’ da Europa estava no fim, e uma ‘nova ordem’ precisava ser estabelecida rapidamente, observou Maria Elise Sarotte no New York Times. Esta ‘nova ordem’ estava programada para promover a ‘rápida reunificação da Alemanha’. As negociações tiveram lugar, em 1990, entre o presidente soviético Gorbachev, o chanceler alemão Helmut Kohl e o secretário de Estado, James A. Baker 3 º, no governo Bush. As negociações procuraram fazer com que os soviéticos retirassem os seus 380 mil soldados da Alemanha Oriental e, em troca, tanto James Baker como Helmut Kohl prometeram a Gorbachev que a aliança militar ocidental da OTAN não se expandiria para o leste. O Ministro das Relações Exteriores da Alemanha Ocidental, Hans-Dietrich Genscher, prometeu a Gorbachev que ‘a OTAN não iria ser expandida para o Leste’ . Gorbachev concordou, embora tenha pedido – mas não recebeu – a promessa por escrito, mantendo-se então um ’ acordo de cavalheiros’.

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Bill Clinton quebrou a promessa da América e os EUA continuam perseguido uma campanha intensa para cercar a Rússia desde então.

Em 1997 – como parte da estratégia de cerco – o ex conselheiro de segurança nacional dos EUA e assessor de política de Obama, Zbigniew Brzezinski, convocou os EUA para retirar a Ucrânia para fora da influência da Rússia.

CHENEY ORIENTOU A POLÍTICA EXTERNA DOS EUA PARA A RÚSSIA COMO UMA ESTRATÉGIA DE DOMINAÇÃO GLOBAL QUE É CONTINUADA ATÉ HOJE.

Os EUA também tem exagerado, desde sempre, a “ameaça russa”, a fim de justificar os gastos militares e asua  geopolítica para expandir a influência americana global.

Dick Cheney fazia alegações falsas e exageradas sobre a ameaça representada pelas armas da Rússia até medos da ‘guerra fria’ para justificar os exagerados aumentos nos gastos militares.

Os casos subsequentes de provocação de medo alimentados por Cheney e seus subordinados incluiram:

  • New York Times 1992: “Nosso primeiro objetivo é impedir o ressurgimento de um novo rival, seja no território da antiga União Soviética ou em outro lugar. Nós não desclassificamos os riscos para a estabilidade da Europa a partir de um governo nacionalista na Rússia que possa concentrar esforços para reincorporar as antigas repúblicas que se tornaram independentes como a Ucrânia, Bielorússia e possivelmente outras.”
  • Toledo Blade 2006: “O vice-presidente Dick Cheney acusou a Rússia de prosseguir as políticas antidemocráticas, usando os seus vastos suprimentos de energia para chantagear os países vizinhos.”
  • Wall Street Journal 2008: “O vice-presidente Dick Cheney acusou a Rússia de tentar reinventar a esfera de influência da antiga União Soviética e colocar para trás o avanço da democracia na Europa Oriental. Vamos deixar claro que a expansão da OTAN vai continuar como e onde os aliados decidirem. Os aliados concordaram que essas nações serão membros da OTAN e o tempo para iniciar os seus planos para a ação de adesão chegou.”
  • Telegraph 2008: “Nós acreditamos no direito de homens e mulheres viverem sem a ameaça da tirania, da chantagem econômica, a invasão militar ou a intimidação. Os ucranianos têm o direito de escolher se desejam aderir à OTAN e a OTAN tem o direito de convidar a Ucrânia para se juntar à aliança quando acreditarmos que eles estão prontos e que seja a hora certa.”

Todd E. Pierce – Major aposentado do Exército dos EUA e juiz publicou algumas notas em um artigo de leitura obrigatória: “Cheneyism” has driven U.S. policy towards Russia for decades.

A ideologia de Dick Cheney – dominação global dos EUA – tornou-se um princípio permanente da governança americana, independentemente de quem está sentado no Salão Oval; uma realidade refletida no recente golpe de Estado na Ucrânia.

A formatação final dessa ideologia foi concluida em 1991, com o colapso da União Soviética, quando o mundo foi, então, submetido à eterna dominação militar dos EUA, como foi revelado no vazamento do documento “ Projecto Defense Planning Guidance ” – DPG, desenvolvida por subordinados de Cheney quando ele ainda era o secretário de Defesa no governo do presidente George HW Bush.

Desde então, Cheney foi tão bem sucedido na propagação dessa ideologia de dominação permanente dos EUA no exterior, que ela tornou-se a ‘regra executiva padronizada’ que já sobreviveu em grande parte intacta a várias mudanças de presidentes americanos. É muito mais apropriado atribuir a Dick Cheney o mérito da doutrina e, por isso, ela é conhecida como Cheneyismo.

O Cheneyismo é tão sem precedentes – a maioria dos conquistadores e poderosos conhecidos da história nunca imaginaram nada parecido como o ‘Domínio de Espectro Total’ – que o presidente Obama tem cimentado o legado ideológico de Cheney, ao dar continuidade ao seu unilateralismo e até mesmo expandindo-o.

A ideologia Cheney combina o militarismo em um estado de guerra permanente com um anticonstitucional autoritarismo americano. Também engloba uma agressividade contra adversários do passado, do presente, do futuro e, especialmente, contra a Rússia.

Robert Gates, que foi diretor da CIA, em 1991, escreveu em seu livro de memórias Duty that with the collapse of the U.S.S.R, que “Cheney queria ver o desmantelamento não apenas da União Soviética e do Império Russo, mas da própria Rússia, de modo que nunca poderia voltar a ser uma ameaça para o resto do mundo”

Não surpreende que o presidente russo, Vladimir Putin, concluiu que negar o acesso aos portos russos da Criméia, através do golpe de Estado na Ucrânia, era apenas uma etapa de um plano maior dos EUA para negar à Rússia um meio de defesa naval, assim como ele pode ter visto a Guerra do Kosovo no final dos anos 1990 como um movimento específico contra um aliado russo.

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Não há praticamente nenhum desvio do núcleo da ideologia de Cheney, ou seja, a busca incessante da total dominação militar global dos EUA, conforme descrito no ‘Defense Planning Guidance’.

O sucesso subversivo de fevereiro exercido sobre o governo democraticamente eleito da Ucrânia, pela secretária adjunta de Estado para Assuntos Europeus, Victoria Nuland, é apenas o exemplo mais recente da política dos EUA que foram primeiramente concebidas e promovidas por Cheney e ideólogos afinados, incluindo o marido de Nuland, o conhecido neoconservador Robert Kagan, cofundador do ‘Projeto para o Novo Século Americano’.

Se havia alguma dúvida sobre a continuação do Cheneyismo sob Obama, as atividades de Nuland – um resquício de 43 anos do governo Bush que foi promovido pela secretária de Estado Hillary Clinton e o então Secretário de Estado John Kerry – mostra que não houve ruptura na política externa com a mudança da administração em 2009.

Conforme revelado por Nuland, não houve um ‘reset’  na política russa por parte dos EUA. O alardeado fim da guerra fria revelou-se um mero subterfúgio e, como Putin assimilou, qualquer objeção ao expansionismo estratégico dos EUA é tratado como ‘terrorismo’ ou ‘agressão’ e torna-se um pretexto para a supressão diplomática, econômica e militar
à ‘ameaça’ aos EUA.

Em 1991, tal como concebido por Cheney e outros ideólogos do Pentágono, a estratégia de constantemente violar a soberania de outras nações tem sido travada tanto por meios militares como políticos, de acordo com Paul Wolfowitz e David Addington.

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Para Cheney, era como se ele visse a Guerra Fria como tendo sido um jogo para sair como vencedor do concurso para a dominação global. Quando os EUA ‘ganhassem’, todo os países do mundo seriam submetidos à sua dominação global. Como indicado na revista Harper, os Estados Unidos passariam da ação de ‘contrariar as tentativas soviéticas de domínio para garantir a sua própria dominação’.

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Clinton também preservou as linhas gerais da estrutura e da estratégia que havia sido bem elaborada por Cheney e Wolfowitz. A ideologia de Cheney, de dominação permanente dos EUA, alcançou a sua forma mais pura no governo do presidente George W. Bush, com Cheney atuando como seu influente vice-presidente. Mas o Cheneyismo também manteve uma forte presença nos cinco anos do governo Obama.

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Os ideais geopolíticos de Cheney tornaram-se o consenso de republicanos e democratas e assumiram um lugar permanente no pensamento político americano ‘mainstream’ e na governança sob Obama.

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Para um governo estrangeiro antecipar como os EUA vão agir, os seus analistas precisam entender o Cheneyismo como uma ideologia de controle da política dos EUA, assim como os analistas de inteligência americanos estavam mergulhados nas teorias do marxismo e do stalinismo durante a Guerra Fria. Os cidadãos norte-americanos devem compreender os princípios do Cheneysmo como uma ideologia arrogante que tem vasto potencial para consequências desastrosas.

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A história mosta que, de fato, há um precedente alemão para a ideologia de Cheney que não foi criada pelo nazismo. Os filósofos militaristas, tais como Ernst Junger e filósofos dos direitos autoritários como Carl Schmitt reuniram os seus ideais no ’Movimento Revolucionário Conservador’, que foi publicado após o fracasso do Exército Imperial Alemão na Primeira Guerra Mundial.

Celebrando a guerra e o autoritarismo, eles acreditavam que a Alemanha era uma ‘excepcional nação da Europa’, destinada a fazer a expansão militar, tanto na Europa oriental como na ocidental. Os revolucionários eram conservadores alemães e não todos se tornaram nazistas, mas eles criaram uma cultura muito favorável ao nazismo. Em retrospecto, eles poderiam ter sido chamado proto-Cheneyitas.

Não são apenas Cheney e Neocons que estão de volta, eles nunca, realmente, partiram.

Os neoconservadores planejaram as campanhas de desestabilização em todo o mundo há 20 anos e Obama está implementando os mesmos projetos atualmente.

PUTIN NÃO É ANJO, MAS OS AMERICANOS PRECISAM ALCANÇAR UM POUCO DE PERSPECTIVA

Putin não é nenhum anjo e Stalin realmente era um tirano assassino, mas os americanos precisam entender que os EUA e a OTAN têm procurado a dominação do planeta, mesmo antes do término da Segunda Guerra Mundial.

A América precisa ganhar um pouco de perspectiva em relação à doutrina Cheney, que domina a política dos EUA para a Rússia por décadas, e é seguida por Obama com muita aplicação.

Fonte: GGN


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