Alto Comissário para refugiados também criticou comunidade internacional por fazer “pouco” para ajudar países que oferecem asilo
O Alto Comissário da ONU (Organização das Nações Unidas) para refugiados, António Guterres, pediu neste domingo (04/05) que países “influentes” tenham como prioridade encontrar uma solução política para a Síria e que todos “abram as fronteiras” para abrigar refugiados do conflito que já dura três anos.
Em reunião com os países que já ajudam essas pessoas, Jordânia, Turquia, Iraque e Líbano, ele pediu mais ajuda para aliviar as difíceis condições de outros “três milhões de refugiados”. “Lanço um apelo a todas as partes com capacidade para resolver a crise, porque a afeta todos os países vizinhos. Deveríamos reunir-nos para trocar, encontrar soluções políticas e evitar um derramamento de mais sangue”, sublinhou.
Guterres, que já foi primeiro-ministro de Portugal, ainda criticou a comunidade internacional por fazer “pouco” para ajudar a Síria e os países que recebem os refugiados, instando-a a oferecer mais apoio econômico a essas nações.
Segundo o Comissário, Jordânia, Turquia, Iraque e Líbano “receberam cerca de três milhões de refugiados sírios registrados ou não. A verdade é que esse enorme impacto não está sendo totalmente reconhecido pela comunidade internacional”.
“Deve haver um apoio maciço da comunidade internacional em relação a orçamentos governamentais e projetos de desenvolvimento ligados à educação, à saúde, à água e à infraestrutura”, acrescentou.
A reunião de hoje foi iniciada pelo ministro dos Negócios Externos da Jordânia, Naser Yudeh, que apelou ao mundo inteiro para assumir também a sua responsabilidade. “Estamos apoiando este esforço comunitário em nome da humanidade inteira, portanto a comunidade internacional deveria se mobilizar agora para assumir também a sua responsabilidade”, disse.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também se pronunciou sobre a situação na Síria neste final de semana. Ban disse ao canal de televisão Al Arabiya que não estava mais se comunicando diretamente com o presidente Bashar al Assad depois de meses de ele “não cumprir suas promessas”.
Ban criticou ainda o governo sírio por sua “resistência burocrática”, que impede a ONU de oferecer ajuda a milhões de pessoas no país. Segundo ele, a organização pediu que os membros do seu Conselho de Segurança e os poderes regionais pressionem a Síria a dar mais acesso para o auxílio.
A Síria tem estado envolvida em confrontos fatais desde março de 2011. Mais de 150 mil pessoas já foram mortas e milhões tiveram que sair de suas cidades ou mesmo do país para escapar da violência entre o governo de Assad e os rebeldes que exigem sua saída do poder. Acredita-se que os países ocidentais e seus aliados na região – especialmente Qatar, Arábia Saudita e Turquia – apoiem os militantes contrários ao governo.
Fonte: Ópera Mundi