Rede pública tem alunos de 23 países

terça-feira, maio 20, 2014

Dos 128 estudantes estrangeiros presentes nas escolas do Paraná, 45 são paraguaios. Núcleo do Sudoeste concentra o maior contingente

Sara e Letícia Alarcon vieram do Paraguai para ficar com a madrinha e estudar em Foz do Iguaçu

Sara e Letícia Alarcon vieram do Paraguai para ficar com a madrinha e estudar em Foz do Iguaçu

A recente característica cosmopolita do Paraná está estampada na educação pública. O estado tem hoje 128 alunos estrangeiros provenientes de 23 países matriculados na rede estadual de ensino. São jovens paraguaios, argentinos, sírios e espanhóis que seguem os passos da família e encaram o desafio de aprender em um ambiente e idioma diferentes.

INFOGRÁFICO: Veja a origem dos estrangeiros que estudam na rede estadual de ensino do Paraná

A maioria dos estrangeiros é de origem paraguaia, seguida por argentinos. A região com maior presença estrangeira é a Sudoeste, onde está o Núcleo Regional de Educação de Francisco Beltrão. Pelo menos 43 alunos vindos de outros países estão espalhados por nove cidades da região, a maioria em Francisco Beltrão onde frigoríficos e cooperativas atraem trabalhadores estrangeiros. Em Barracão e Santo Antônio do Sudoeste a situação é diferente. A facilidade de locomoção estimula alunos argentinos a cruzarem a fronteira com o Brasil todos os dias para estudar.

A segunda maior concentração está na região de Loanda, no Noroeste. Lá, segundo Vera Lúcia de Souza, do Núcleo Regional de Ensino, há muitos paraguaios e filhos de brasileiros, os chamados brasiguaios, que moram em assentamentos da região. Também é comum a presença de japoneses que têm pais brasileiros, mas nasceram no Japão. “Há casos de japoneses que chegam e não falam nada do português. Mas eles são guerreiros, estudam pela manhã e frequentam a alfabetização à tarde. Assim aprendem rápido a língua”, diz.

Na região de Foz do Igua­çu, os estrangeiros mais presentes são paraguaios e os de origem árabe. No Colégio Barão do Rio Branco há três alunos sírios que vieram para o Brasil com a família. Todos são refugiados e moravam em Damasco. Mousa Al Ataallah, 14 anos, e Wissan Aldhaem, 13 anos, não falam português. Um colega de sala, Mohamad Hussein Kalil, auxilia-os quando necessário. “A escola é boa. Mas quando aprender a língua vai ficar melhor”, diz Mousa. Os meninos sírios começaram a frequentar o colégio em março. Estudam à tarde e fazem aula para aprender o português em outro horário. Por enquanto, a disciplina que mais entendem é a Matemática.

No Colégio Castelo Branco, em Foz do Iguaçu, estudam as irmãs paraguaias Sara e Letícia Alarcon. A família mora em Ciudad del Este, cidade vizinha a Foz. Mas as meninas resolveram viver no Brasil com a madrinha para ter o gosto de estudar desse lado da fronteira. “É bom estudar aqui. Aprendemos bastante”, diz Sara que tem 16 anos e cursa o 8.º ano. Ela, que quer se formar em Medicina Veterinária, pretende cursar o ensino superior no Brasil.

As meninas já tinham facilidade com o idioma português e não tiveram dificuldade para se adaptar. Fizeram amizades rápido e gostam da escola.

Foz também recebe estudantes de fora

Em Foz do Iguaçu, não são apenas escolas estaduais que recebem estrangeiros. Nas escolas da rede municipal de ensino a presença deles é comum. A maioria dos alunos também vem do Paraguai. Mas é comum a presença de crianças libanesas, coreanas, chinesas e mais recentemente cubanas, cujos pais são médicos que vieram trabalhar na fronteira pelo programa do governo federal. A cidade é conhecida por ser multiétnica. Tem representantes de mais de 70 nacionalidades.

A Escola Municipal Adele Zanotto, na região do Porto Meira, bairro situado na fronteira com a Argentina, está acostumada com outros sotaques. Duas vezes por semana, professoras argentinas dão aula de espanhol para crianças brasileiras. Professoras brasileiras também fazem o caminho inverso e vão até Puerto Iguazú ensinar o português. O colégio está inserido no projeto Escola de Fronteira. Isso, para a diretora Cerlilândia Silva Batista facilita a adaptação de alunos estrangeiros. “O processo de adaptação da escrita do espanhol é um pouco difícil. Eles acabam misturando um pouco, mas nos damos bem com a situação”. As crianças estrangeiras, segundo a diretora, são bem acolhidas e não há estranheza.

Segundo a secretária de educação do município, o caminho inverso também é feito. Muitos brasileiros, para acompanhar os pais, estudam em outros países da fronteira. No entanto, não há estatísticas para mensurar o quanto isso representa.


 

 


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