A presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR) defendeu hoje a criação de núcleos de apoio aos refugiados espalhados pelo país, admitindo que os centros distritais da Segurança Social desconhecem muitas vezes quem são estas pessoas.
“É complicado porque toda a nossa estrutura administrativa também é pesada. A própria Segurança Social é um sistema complicado e os próprios centros distritais desconhecem muitas vezes o que é um refugiado”, disse a responsável.
Admitiu, por isso, que o apoio dado aos refugiados é um desafio permanente que mereceria outro tipo de abordagem, fruto de, desde o ano passado, muitas destas pessoas estarem a ser deslocalizadas para outros pontos do país.
“Merecia haver focos de apoio espalhados pelo país e que nós pudéssemos contar com outras instituições que pudessem ajudar”, defendeu Teresa Tito Morais.
A esse propósito, a responsável revelou que continua a aguardar pela verba da Câmara Municipal de Lisboa, no valor de 100 mil euros, que permita manter em funcionamento o Centro de Acolhimento de Crianças Refugiadas (CACR).
Se esta verba não chegar até ao final deste mês, o CACR cai “outra vez numa situação de crise”.
“É esta instabilidade, de todos os meses não sabermos se são feitas ou não as transferências, que compromete às vezes as iniciativas que queríamos fazer e que muitas vezes não conseguimos por falta de recursos”, apontou.
Teresa Tito Morais adiantou que as estimativas do CPR apontam para pouco mais de 300 pessoas refugiadas a viverem em Portugal, revelando que os números mais atuais mostram que o número de pedidos de asilo tem vindo a diminuir.
No Centro de Acolhimento da Bobadela, em Loures, vivem atualmente 64 pessoas, havendo outras 40 em alojamento externo.
Já no CACR estão 14 menores não acompanhados, o que faz com que o CPR apoie mensalmente 118 refugiados através de um orçamento anual de 1,2 milhões de euros que chega, em diferentes partes, via Ministério da Administração Interna, Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Fundo Europeu para os Refugiados, Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas e Câmara Municipal de Lisboa.
A 20 de junho assinala-se o Dia Mundial dos Refugiados, data que será marcado com a realização de uma conferência sobre “Oportunidades e Desafios da Empregabilidade dos Refugiados em Portugal”, numa organização conjunta da Segurança Social, SEF, Instituto de Emprego e Formação Profissional, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, CPR e Alto Comissariado para as Migrações.
Para além disso, haverá também um sarau cultural a decorrer no Centro de Acolhimento da Bobadela, enquanto vários pontos de referência da cidade de Lisboa vão estar iluminados com a cor azul das Nações Unidas.
Fonte: RTP