Estudantes curdos foram sequestrados pelo Isis na Síria e estão sofrendo “lavagem cerebral” extremista

sexta-feira, junho 27, 2014

O povo curdo sofre com duas guerras, uma na Síria e outra no Iraque. AFP

O povo curdo sofre com duas guerras, uma na Síria e outra no Iraque. AFP

No dia 29 de maio, mais de 140 estudantes curdos foram sequestrados na Síria pelo Isis (sigla em inglês para Estado Islâmico do Iraque e do Levante) quando voltavam da cidade de Aleppo para Ayn al-Arab. Quase um mês depois, a maioria ainda permanece nas mãos dos militantes extremistas islâmicos, exceto por quatro garotos que conseguiram fugir recentemente. Um deles, que pediu para ser chamado de Mohammed, contou à emissora americana CNN o que viveu no último mês.

Os meninos, com idade entre 14 e 16 anos, iam para casa após terminarem as provas finais do semestre quando os ônibus em que estavam foram parados por caminhonetes com homens armados.

“Como vocês podem se sentar junto a garotas?! É proibido!”, gritaram os militantes, muitos com sotaque estrangeiro. Eles separaram as meninas do grupo e levaram consigo apenas os garotos. Os mais de 140 estudantes foram encaminhados para a cidade síria de Manbij, controlada pelo Isis.

“Estávamos muito assustados. No caminho para casa, estávamos celebrando que tínhamos terminado nossas provas. Mal podíamos esperar para voltar para casa e ver nossa família. Nós não sabíamos por que eles tinham nos levado”, contou Mohammed, que pediu que seu nome verdadeiro fosse preservado.

No primeiro dia em cativeiro, os militantes mascarados fizeram os meninos assistir a um vídeo em que rebeldes decapitam um homem, e ameaçaram que fariam o mesmo com eles se tentassem fugir.

Apesar das ameaças, há poucos dias Mohammed e mais três meninos conseguiram distrair os militantes, pularam a cerca e fugiram.

O grupo radical separou os meninos em grupos de 17, que tinham que dividir um mesmo quarto. Todos os dias, eles eram acordados ao amanhecer para rezar e depois eram forçados a ter aulas sobre teologia radical islâmica.

De noite, os membros do Isis ficavam cerca de cinco horas falando sobre a jihad e mostrando vídeos com imagens de execuções e operações suicidas.

“O Isis está tentando fazer uma lavagem cerebral em nossas crianças”, disse à CNN o pai de uma dos estudantes sequestrados, que quis se manter anônimo. “Nós educamos bem nossos filhos, mas estamos preocupados como isso poderá afetá-los psicologicamente”.

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, o governo sírio se recusou a instalar centros de avaliação na cidade curda de Ayn al-Arab, forçando cerca de 1.500 estudantes a viajar por uma região muito perigosa para poderem realizar as provas finais em Aleppo. O governo da Síria não quis comentar sobre o assunto.

Ainda que o Isis não tenha reivindicado este sequestro em massa, é sabido que este e outros grupos militantes extremistas frequentemente recrutam crianças para combate e apoio militar. De acordo com um relatório da organização Human Rights Watch, publicado recentemente, “antigos recrutas do Isis descreveram que os líderes davam às crianças tarefas particularmente difíceis ou perigosas e os encorajavam a se voluntariar para ataques suicidas”.

Os grupos armados sírios se apropriam de crianças vulneráveis, que viram seus familiares mortos e suas escolas e comunidades destruídas, e as colocam para lutar no conflito.

O Human Rights Watch diz que o número de crianças nesta situação é desconhecido e que o seu relatório é baseado em entrevistas com 25 crianças e ex-soldados mirins da Síria.

Fonte: R7


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