O jogo contra a Bósnia, neste sábado, em Cuiabá, teve um significado especial para a Nigéria. Foi o primeiro depois de um atentado em Damaturu, no norte do país africano, que deixou 21 mortos e 27 feridos. Na sexta-feira, o técnico Stephen Keshi chegou a dizer que era a chance de “colocar um sorriso no rosto dos nigerianos”. No entanto, os jornalistas locais aproveitaram para tentar um pouco mais e fizeram um protesto contra o grupo terrorista Boko Haram.
Boko Haram significa “a educação ocidental é um pecado”. Trata-se de uma organização fundamentalista islâmica que alega lutar contra corrupção no governo nigeriano, falta de pudor das mulheres e propagação de vícios na população. Eles também têm como prática recorrente o sequestro de meninas, que são estupradas e torturadas até aceitarem virar muçulmanas.
Jornalistas e torcedores da seleção nigeriana aproveitaram os olhares do mundo para o jogo e realizaram protestos neste sábado contra o grupo, que também sequestrou 200 meninas de escolas do país em abril, o que causou uma grande comoção internacional.
“É triste ver irmãos matando irmãos por causa de religião, e isso é o que tem acontecido na Nigéria. Pessoas que deveriam ir ao país e deveriam investir lá estão com medo. Nós precisamos de ajuda”, disse Emeka Ezeugwu, jornalista do jornal “Daily Newswatch”.
O protesto de jornalistas nigerianos foi baseado em uma camiseta com o slogan “O mundo unido contra Boko Haram”. Eles distribuíram cerca de 250 peças neste sábado em Cuiabá – a maioria no centro de mídia, mas alguns itens foram enviados a torcedores e até membros da comissão técnica da seleção. Algo na mesma linha também pôde ser vista nas arquibancadas, em que torcedores levaram cartazes e bandeiras com a frase “devolvam nossas meninas”, lembrando o sequestro em massa.
“Nós tentamos chamar atenção do mundo para um problema grande da Nigéria, e um evento do tamanho da Copa é perfeito para isso. Eles estão destruindo nossa nação. Não somos terroristas e não estamos felizes com o que está acontecendo”, explicou Timi Ebikagboro, jornalista da “Delta Broadcasting”.
“Há crianças morrendo, e você não pode andar na rua sem temer que algo aconteça. Nós queremos o fim disso e queremos a Nigéria unida”, completou Ebikagboro.
O ataque a Damaturu foi uma explosão de uma bomba no dia 18 de junho, no momento em que Brasil e México jogavam pela Copa do Mundo. O Boko Haram ainda não assumiu oficialmente a autoria. “Mas foram eles, certamente. Qualquer atentado a bomba na Nigéria é sempre coisa deles. Outros grupos nigerianos não usam bombas”, “elatou Promise Efoghe, jornalista da “TVC News”.
Fonte: UOL COPA