A agência da ONU para refugiados (ACNUR) está investigando relatos de que civis da República Centro-Africana (RCA), em busca de segurança no Chade, podem ter sido impedidos de entrar no país nos pontos de entrada da fronteira.
Em uma coletiva de imprensa, o porta-voz da ACNUR, Adrian Edwards, pediu para que todos os países vizinhos mantenham suas fronteiras abertas para as pessoas que fogem da violência na RCA.
“Os centro-africanos e até mesmo os chadianos que não conseguem provar nacionalidade aos guardas da fronteira estariam sendo devolvidos”,disse o porta-voz. “Se os relatos estão corretos, a situação é de grande preocupação e contrárias aos princípios sob a lei internacional da não devolução (sem regresso forçado).”
A crise da RCA já causou a fuga de mais 226 mil pessoas para países vizinhos, além de provocar o deslocamento interno de cerca de 550 mil pessoas, dos quais 132 mil estão na capital, Bangui.
O Fundo da ONU para a Infância (UNICEF) observou que, entre as pessoas que fogem da violência, tanto dentro do RCA como para os países vizinhos, a maioria são crianças.
O UNICEF também verificou que 277 crianças foram mutiladas e 74 mortas nos últimos seis meses, sendo que os números reais são ainda maiores. “Em média, pelo menos uma criança é mutilada ou morta em confrontos todos os dias nos últimos seis meses. O ciclo de brutalidade e retaliação deve parar”, disse o representante do UNICEF no país, Souleymane Diabaté.
As agências da ONU estão trabalhando em conjunto com os seus parceiros no país para proteger as crianças da violência e fornecer assistência humanitária a todos os necessitados. As crianças recebem ajuda psicossocial e aquelas que foram separadas dos pais estão sendo registradas para facilitar a reunificação familiar. Além disso, a agência negocia com os grupos armados que recrutaram menores para facilitar o seu retorno seguro.
Fonte: ONU