Dezenas de refugiados estão há uma semana em greve de fome em Calais, no norte de França. Foi o meio desesperado de chamar a atenção para a sua situação, depois de o estado ter violentamente destruído vários acampamentos e expulsado as centenas de pessoas do único abrigo que tinham.
Em Calais acumulam-se centenas de homens, mulheres e crianças, que fogem à fome e à guerra, vindas de todo o continente africano. Aqui esperam uma oportunidade para atravessar clandestinamente o canal da Mancha, na esperança de uma vida melhor no Reino Unido, arriscando a deportação, a brutalidade policial e a morte. Um drama humanitário em plena França e Europa dos “direitos humanos”, que cresce à margem do silêncio dos media, e do desprezo e da violência das autoridades.
Desde a brutal destruição dos acampamentos no final de maio, uma de incontáveis expulsões, perseguições e agressões policias que todos os anos acontecem em Calais, centenas de imigrantes decidiram ocupar o espaço de distribuição de comida como forma de protesto e resistência. São cada vez mais pessoas, de contextos culturais totalmente distintos, em condições cada vez mais precárias, forçadas a competir pelas tendas e cobertores, pela comida (uma refeição por dia) e pelas escassas possibilidades de atravessar para Inglaterra.
Desde 2009 que ativistas da rede No Border mantêm presença permanente em Calais, em solidariedade com os migrantes e pela livre circulação de seres humanos num mundo sem fronteiras. Toda a solidariedade é bem-vinda.
Dos exilados de Calais às Autoridades francesas e britânicas
Na sequência da destruição dos nossos acampamentos e da nossa ocupação do espaço de distribuição de comida, as autoridades francesas vieram duas vezes encontrar-se connosco. Anunciaram que viriam de novo na terça-feira 3 de junho. Ninguém apareceu e fomos deixados sem notícias.
Hoje, quarta-feira 11 de junho, uma parte nós, apoiados por todos, começaram um greve de fome. Exigimos às autoridades francesas e britânicas que retomem o diálogo interrompido e venham encontrar-se connosco sem demora.
Recordamos-lhes as nossas reivindicações:
-Casas em Calais para todos os migrantes que desejam ir para Inglaterra e requerentes de asilo forçados a viver na rua
-Casas com condições de higiene respeitáveis: casas de banho, duches, recolha de lixo.
-Casas onde possamos ir e voltar a qualquer hora, para podermos continuar a tentar atravessar para Inglaterra.
-Casas ao abrigo de controlos policiais, maus-tratos e expulsões
-Acesso a três refeições diárias
-Abertura de negociações entre a França e o Reino Unido para que as pessoas possam aceder ao território britânico
Fonte: INDYMEDIA
