Resolução apresentada ao Conselho de Segurança também pede fim dos conflitos no leste ucraniano. País já tem mais de 10 mil refugiados
A Rússia propôs nesta segunda-feira ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) um projeto de resolução sobre a criação de “corredores humanitários” no leste da Ucrânia, onde prosseguem os violentos confrontos entre o exército e os separatistas russos. Na semana passada, o governo ucraniano já tinha se manifestado em favor da implantação de corredores para a retirada segura de civis das regiões onde concentram os combates.
“Queremos que o Conselho de Segurança garanta que nenhum obstáculo dificulte a saída dos civis das zonas de combate, nem a entrega de ajuda humanitária nestas zonas”, explicou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov. A resolução russa também propõe o fim das operações do exército ucraniano na região leste separatista e um cessar-fogo com os rebeldes pró-Rússia, assim como a abertura de negociações entre os dois lados.
O texto solicita ainda “todo tipo de ajuda para as atividades da Cruz Vermelha Internacional e de outras organizações humanitárias no leste e sudeste da Ucrânia”. O chefe da diplomacia russa indicou que o projeto de resolução foi “deliberadamente despolitizado” e espera que o Conselho de Segurança aprove o texto imediatamente.
Refugiados – Mais de 10.000 pessoas, em sua maioria tártaros, foram obrigadas a deixar suas cidades na Ucrânia, advertiu o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), que destaca que os deslocamentos começaram antes do referendo de março sobre a Crimeia. “A Acnur observa na Ucrânia um aumento contínuo e sólido dos deslocamentos internos. Pelo menos um terço dos deslocados são crianças”, declarou o porta-voz da agência, Adrian Edwards. “A maioria dos deslocados é de tártaros, mas as autoridades locais também apontaram um recente aumento dos registros de ucranianos, russos e de famílias mistas que fogem das regiões de conflito”, completou o porta-voz. As pessoas que se refugiam segueem para o centro do país, na região de Kiev, ou para o oeste, segundo a Acnur.
Gás – A empresa russa Gazprom anunciou nesta segunda que adiou para 9 de junho a mudança para o sistema de pagamento prévio do fornecimento de gás a Ucrânia, depois que Kiev pagou uma parcela da dívida. “A Ucrânia pagou a primeira parcela para o fornecimento de gás. Hoje entrou a quantia de 786 milhões de dólares na conta da Gazprom”, anunciou o presidente executivo da empresa, Alexei Miller.
“A instalação do sistema de pagamento antecipado dependerá do pagamento da totalidade da dívida pelo gás fornecido até 1 de abril, ou seja 2,23 bilhões de dólares”, disse Miller. A empresa russa também espera que a Ucrânia faça “progressos no pagamento do fornecimento de abril e maio”. Representantes dos governos ucraniano e russo se reúnem nesta segunda em Bruxelas para uma nova série de negociações sobre os preços do gás. O comissário europeu de Energia, Gunther Oettinger, vai intermediar o encontro. A Ucrânia reclama do aumento das tarifas que paga pelo gás russo, afirmando que os preços são manipulados.
Fonte: VEJA