“Eu quero que apareça uma pessoa forte o suficiente para tirar todos os terroristas de lá. Tudo bem ficar sem água, sem luz, mas o importante é que, quando durmam, cristãos e muçulmanos durmam sem medo”, diz ela
Membros da minoria cristã do Iraque (1% da população), a cabelereira N.A e parte de sua família saíram do país durante a invasão americana em 2003, viveram na Síria e deserbarcaram em São Paulo em 2008.
Desde o início da insurgência do grupo radical Estado Islâmico no Iraque e no Levante (ISIS, sigla em inglês), ela, que não quis se identificar, tenta acompanhar à distância a fuga do pai e de outros parentes. Eles saíram às pressas de Mossul, que foi tomada pelos rebeldes, rumo ao interior.
“Somos cristãos e ficamos com medo. O povo falava ‘vai ser um negócio feio’. A Minha mãe decidiu que íamos largar tudo e fugir. A gente vendeu tudo, foi rápido. Eu tinha 20 anos”, disse ela.
A mãe, os irmãos e a tia de N.A foram para São Paulo um ano e meio depois que ela conseguiu refúgio no Brasil e começou a trabalhar como cabelereira e maquiadora.
Mais parentes de N.A, tanto por parte de pai quanto de mãe, fugiram e ela fala com eles por telefone, mas tudo ainda é ‘por enquanto’. “A cada dia os terroristas ficam mais fortes. Deve haver um interesse para que eles permaneçam. Eu temo que se não houver um basta, o Iraque vive a nova Síria. E já chega. O povo quer paz. O Iraque vive em guerra faz séculos”, afirma.
“Eu quero que apareça uma pessoa forte o suficiente para tirar todos os terroristas de lá. Tudo bem ficar sem água, sem luz, mas o importante é que, quando durmam, cristãos e muçulmanos durmam sem medo. Mesmo se esse dia chegar – provavelmente não chegará -, eu não tenho vontade de viver no meu país. Não volto pra lá nunca mais. Não tem mais sentido voltar. Acabou tudo. Eu só sofri no Iraque”, completa N.A.
Fonte: Guiame