Crianças serão no mínimo 60%
O Uruguai receberá 120 refugiados sírios em duas levas previstas para chegar em setembro e fevereiro, segundo anunciou o secretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Javier Miranda.
Com 60% de crianças em cada grupo familiar, essas pessoas serão hospedadas na casa marista ‘San José’ e assim darão início à sua inserção voluntária na sociedade uruguaia.
O Estado lhes proporcionará moradia, alimentação, trabalho e formação em língua espanhola para facilitar o desenvolvimento de um novo projeto de vida com autonomia no país.
O secretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Javier Miranda, falou em entrevista coletiva após a missão que realizou em Genebra de 23 a 29 de junho, dias em que manteve reuniões com o Alto Comissionado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), sobre o projeto de reassentamento de refugiados sírios.
Miranda ressaltou que a proposta feita pelo Governo do Uruguai ao Alto Comissionado para os Refugiados é a dereassentamento de famílias sírias, refugiadas em território libanês. “Não vão vir pessoas diretamente do território sírio, e sim pessoas que já estão refugiadas no Líbano”, expressou.
Entre os critérios que se transmitiram à ACNUR, se destaca que tanto famílias como crianças sírias fazem parte do projeto, porém, foi estabelecido como critério que haja um mínimo de 60% de crianças na integração das famílias.
Foi estabelecido com a ACNUR que o processo terá duas fases de pré-seleção, a primeira, a cargo de ACNUR em território libanês, onde serão pré-selecionadas as pessoas interessadas em se reassentar no Uruguai. A segunda etapa consiste en uma missão uruguaia no Líbano para verificar, com base em entrevistas, a determinação definitiva das pessoas que se reassentarão no país.
Também foi solicitada a participação da Organização Internacional de Migrações para apoiar na logística da transferência das famílias até o Uruguai.
O processo de inserção no Uruguai consistirá em um alojamento transitório no lar ‘São José ‘, situado no quilômetro 16 de Caminho Maldonado, onde funciona um lar de idosos que a comunidade marista cedeu para apoiar este projeto.
Estas pessoas permanecerão nesse lar entre seis e oito semanas, para depois se estabelecer em lares definitivos.“Estamos neste momento desenhando o projeto, com todos os detalhes, tanto do processo do lar transitório como da radicação definitiva. Há muitas agências do Estado colaborando no desenho desse projeto “, apontou Miranda.
Esta etapa consiste em atender necessidades de alimentação, transporte, alojamento, moradia, oportunidades de trabalho e formação em língua espanhola.
CHEGADA EM DOIS PERÍODOS
As pessoas chegarão ao território uruguaio em dois grupos. O primeiro grupo, de até 40 pessoas, chegará no final do mês de setembro; e um segundo contingente, de umas 80 pessoas, chegará no final de fevereiro de 2015. Miranda esclareceu que isso não depende somente das capacidades nacionais, mas também da capacidade da ACNUR de realizar as entrevistas correspondentes no território.
E ressaltou que o objetivo é que estas famílias possam se reinserir na sociedade, se assim o desejam; oreassentamento é um processo voluntário. “O nosso objetivo é que eles se integrem à sociedade uruguaia. O que pretendemos é dar a oportunidade para que se insiram na sociedade uruguaia, trabalhem no nosso meio, se eduquem, se insiram em nossos bairros e em nossas cidades como um habitante mais da República”, sublinhou.
Para isso – - disse – - devem ser criados dispositivos que vão desde a acolhida, a geração da maior autonomia progressiva, até uma inserção definitiva e voluntária na sociedade uruguaia. “Isso implica opções trabalhistas, de moradia, previdência social, saúde, educação, etcétera. Todos os direitos que temos quaisquer dos habitantes da República serão oferecidos a essas pessoas que se reassentem no Uruguai “, apontou.
Miranda destacou a importância dessa iniciativa que promove o presidente da República, José Mujica, e que convida “a estender a mão solidária” a uma população vulnerável por uma guerra e que se viu obrigada a deixar tudo no seu país para se transladar a outras terras e que tenta ter uma nova oportunidade para construir sua vida.
Em tal sentido, exortou os meios de comunicação a não esquecer que se trata de um processo com pessoas que estão em situação de vulnerabilidade, que têm a sua identidade e intimidade, e a respeitar essas pessoas, além da necessidade da informação.
“Devemos ser capaz de transmitir informação, de dar seguimento ao processo que se faça, mas respeitando a identidade e a intimidade das pessoas. Não são objetos, são pessoas às quais estendemos a mão solidária para que possam voltar a projetar sua vida, a desenvolver novamente o seu projeto de vida com autonomia no nosso país”, concluiu.
Fonte: Europa Press