Os Estados Unidos anunciaram o envio de 130 conselheiros militares para o Iraque para ajudar no planeamento da evacuação de centenas de pessoas do cimo de uma montanha – yazidis em fuga dos extremistas do Estado Islâmico (EI).
O envio destes conselheiros foi visto como um possível prelúdio a uma intervenção maior no terreno para salvar os yazidi, diz o diário Wall Street Journal, depois de os EUA terem enviado ajuda humanitária por helicóptero,bombardeado posições dos jihadistas através de ataques aéreos, e enviado armas aos peshmerga, os combatentes curdos que tentam impedir o avanço dos islamistas e que têm levado muitos dos yazidi para campos de refugiados. “Estamos a ver se conseguimos fazer algo mais do que apenas enviar ajuda”, disse um alto responsável ao jornal norte-americano. “Não se pode fazer só isso durante muito tempo.”
Está a ser ponderada a presença de tropas americanas no terreno, provavelmente incluídas numa força internacional, para ajudar a fazer um corredor seguro para que os yazidi possam sair do seu refúgio, dizem as fontes ao Wall Street Journal e ao New York Times. Até agora, Obama disse que não iria enviar forças para o terreno, mas o facto de muitos yazidi continuarem na montanha, sem abrigos, sob um sol inclemente, poderá fazê-lo mudar de opinião, estima a imprensa americana.
No entanto, o envio de uma força poderá expor tropas americanas (esperar-se-ia uma força de elite) a contacto directo com os combatentes islamistas, o que apresenta um grau de risco que muitos pensam que o Presidente não estará disposto a correr.
Responsáveis americanos dizem ainda que não se sabe quantos refugiados estão nas montanhas – poderão ser entre várias centenas a vários milhares. Várias centenas saíram já numa longa e tortuosa viagem passando pela fronteira da Sìria, escoltados pelos peshmerga.
Jornalistas a bordo de helicópteros de distribuição de ajuda relatam um cenário tenebroso: as pessoas que estão na montanha correm para os helicópteros que trazem a ajuda não para ficar com os mantimentos mas para tentar que uma ou outra criança, ou pessoas a sofrer de insolação ou queimaduras solares, sejam levadas dali para fora. Os helicópteros do exército iraquiano aterram a coberto de disparos contra os combatentes do EI, levantam disparando também.
“As pessoas chegavam perto do helicóptero atirando os seus filhos para bordo. A tripulação tentou recolher o máximo de pessoas possível”, conta o jornalista da CNN Ivan Watson. Naquele caso, foram 20. Quando o helicóptero levantou, entre os sons dos tiros, toda a gente – passageiros, tripulação – estava emocionada, descreve o repórter. “ “Não havia ninguém com os olhos secos a bordo daquele helicóptero.”
Fonte: Notícias do Norte