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Depois de percorrer dez mil quilômetros numa viagem que durou 26 horas, uma grávida de oito meses chegou em Campinas, interior de São Paulo, para se refugiar. Roula Barbar, o marido, o cunhado e o primo fugiram da guerra civil na Síria. Para conseguirem viajar venderam tudo. Até as alianças de casamento se transformaram em um pouquinho de dinheiro.
A curto prazo, um final feliz para quem vivia o medo de uma guerra que já matou quase 2000 palestinos e uma centena de israelenses. E não tem data para acabar. A longo prazo não sabem o que esperar do futuro.
Na nova cidade a família vai ter que reaprender a viver. Nova cultura, novos hábitos, nova língua. Nenhum deles fala português. Os homens vão ter que procurar trabalho, se adaptar o mais rápido possível.
Em poucos dias Roula vai dar a luz a um brasileirinho que chega ao mundo sem quase nada. Não vai ser fácil, claro, mas o bebê pelo menos vai ter a chance de um futuro melhor. Nessa guerra nem as crianças são poupadas. Até escolas de refugiados palestinos, que deveriam ser zonas seguras da ONU, tem sido atacadas por mísseis.
Em entrevista ao repórter Fabio Gallacci, do Jornal Correio Popular, de Campinas, o casal disse que muitos governos fecharam as portas para os sírios, mas que o Brasil os recebeu de braços abertos. Instalados num quarto de hotel na região central da cidade , os quatro pretendem dar entrada em seus pedidos de permanência junto ao Comitê Nacional para os Refugiados, órgão do Ministério da Justiça e, com documentos regularizados na mão, arrumar emprego.
Até acharem trabalho os estrangeiros contam com a boa vontade das pessoas para ajudar com comida, roupas e tudo que um recém-nascido precisa. O comerciante libanês Georges Massoud, que mora em Campinas há 20 anos, é uma dessas mãos amigas.
A Maternidade de Campinas, através de seu diretor clinico, Frederico Giovannetti, também se colocou a disposição para fazer o parto de Roula. E assim, através de pequenos gestos de solidariedade, a família vai reconstruindo sua vida.
Quem quiser participar dessa corrente do bem pode entrar em contato através dos telefones (19) 98163-5007 ou (19) 2511-3215.
Fonte: Mãe de Salto Alto
