“Declarar a crise no Iraque como ‘Nível 3 de Emergência‘, o que representa o mais alto nível de crise humanitária, irá ajudar a desencadear mais recursos e agilizar os procedimentos administrativos para a resposta”, explicou o representante especial do secretário-geral da ONU para o Iraque, Nickolay Mladenov. Três outras crises no mundo compartilham o mesmo status atualmente: Síria, Sudão do Sul e República Centro-Africana.
A medida visa a mobilizar recursos em bens, fundos e ativos para dar uma resposta mais eficaz às necessidades humanitárias das populações afetadas pelos deslocamentos forçados, estimada em cerca de 400 mil desde junho deste ano.
O representante do Fundo da ONU para a Infância no país, Mario Babille, chamou a atenção para milhares de pessoas que ainda estão presas nas montanhas do Sinjar e cujas condições de saúde se deterioram rapidamente. Junto com outros atores humanitários, o UNICEF está intensificando seus esforços para atender àqueles que conseguem ser extraídos das montanhas, além de ajudar a mais de 12 mil cristãos deslocados que agora estão abrigados na capital curda, Erbil.
Várias agências da ONU também alertaram para a situação na província de Dahuk, onde mais de 200 mil iraquianos procuraram refúgio para fugir da violência do Estado Islâmico.
Assassinatos massivos
Os assessores especiais do secretário-geral da ONU sobre a Prevenção do Genocídio, Adama Dieng, e sobre a Responsabilidade de Proteger, Jennifer Welsh, condenaram nesta quarta-feira (12) firmemente os relatos do assassinato de 500 membros da comunidade Yazidi em Sinjar e áreas próximas, no norte do Iraque, pelos militantes do grupo armado Estado Islâmico.
Eles também afirmaram que afirmaram estar alarmados com os relatos de sequestro de cerca de 1.500 mulheres e meninas Yazidi, Cristãs e Shabak por parte do grupo armado, que já teria dado um ultimato as estas comunidades minoritárias para “converter-se a sua fé ou morrer”. Estima-se que, devido aos ataques do Estado Islâmico, cerca de 200 mil pessoas fugiram de Sinjar e de áreas próximas.
“Estes relatos são extremamente chocantes. Eles mostram, em termos muito claros, a completa ausência de humanidade dos autores desses crimes”, disseram os assessores especiais. “Os atos cometidos pelo ‘Estado islâmico’ também apontam para o risco de genocídio”, destacaram.
Para os assessores especiais, tais atos constituem graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário internacional, e podem ser considerados crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Na ocasião, Dieng e Walsh apelaram ao Conselho de Segurança para priorizar a proteção de civis, principalmente as minorias religiosas, como resposta à crise atual. Além disso, também enfatizaram seu total apoio aos esforços da comunidade internacional para prestar assistência humanitária para salvar vidas e comunidades deslocadas pelo avanço do Estado islâmico.
Fonte: ONU