Foi apresentada na manhã desta terça-feira, 23, na Sala de Imprensa da Santa Sé, pelo presidente e pelo secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, respectivamente, Cardeal Antonio Maria Vegliò, e Dom Joseph Kalathiparambil, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. A mensagem traz como tema “Igreja sem fronteiras, mãe de todos”. Os desafios apresentados pelas migrações devem ser respondidos com a cultura do acolhimento e da solidariedade, como recorda o Papa Francisco na mensagem. Mas, não raramente, observou o Cardeal Vegliò, vemos outras atitudes:
“Há uma tendência a ver o imigrado com suspeita e um pouco de medo. Daí, muitas vezes, nasce a equação migrante igual criminoso. Trata-se de algo absolutamente falso. Não podemos aceitar uma coisa dessa. O Papa diz claramente que os migrantes têm um lugar privilegiado no coração da Igreja, porque são os que mais precisam, porque são os mais vulneráveis.”
Portanto, é preciso rechaçar a equação entre imigrados e criminosos. Mas se algum imigrante é delinqüente, acrescentou o purpurado, deve ser expulso.
Em todo caso, a expulsão jamais pode dizer respeito aos refugiados, explicou o presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes.
Em seguida, o Arcebispo Kalathiparambil deteve-se sobre a situação dos refugiados:
“O desafio hoje é não nos acostumarmos aos dramas humanos vividos pelas pessoas forçadamente deslocadas e não deixar prevalecer a indiferença, ‘a fraqueza da nossa natureza humana’ devido a qual muitas vezes ‘sentimos a tentação de ser cristãos mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor’. Cada passo que damos um ao encontro do outro nos ensina a descobrir o sentido da palavra solidariedade, a comprometer-nos em favor do bem comum e a tornar-nos sinal e instrumento da unidade de todo o gênero humano.”
Nesta fase final de 2014, pela primeira vez desde a II Guerra Mundial, o número de refugiados, de deslocados e de pessoas que pediram asilo superou o patamar de 50 milhões de pessoas. Mais de 50% dos refugiados são crianças, recordou Dom Kalathiparambil.
Por fim, respondendo aos jornalistas sobre o Sínodo sobre a família, o Cardeal Vegliò afirmou, por sua vez, que é preciso evitar reduzir todo o debate unicamente ao tema do acesso ou não dos divorciados recasados à Comunhão eucaristia.
Além disso, referindo-se à operação militar e humanitária “Mare Nostrum” conduzida pela Itália para socorrer os migrantes no Mar Mediterrâneo, e ao início do programa europeu “Frontex Plus”, mais voltado para a vigilância das fronteiras, o purpurado acrescentou:
“Creio que, certamente, haverá menos assistência. Realmente, a Itália demonstrou muita sensibilidade, muita generosidade com o programa ‘Mare Nostrum’. O programa consistia em socorrer, em amplo raio de ação, esses pobres migrantes: efetuou operações humanitárias inclusive a poucos quilômetros de países do norte da África. Não creio que o programa europeu ‘Frontex Plus’ faça o mesmo.”
Fonte: Paróquia São Benedito