Uma jovem mãe francesa recuperou a guarda de sua filha de dois anos que havia sido levada à Síria pelo pai, um jihadista ligado à Al-Qaeda. Os 11 meses de separação terminaram na madrugada de terça-feira (2), na Turquia, para onde Mériam Rhaiem viajou com o propósito de resgatar o bebê, apesar dos alertas de autoridades francesas de que a operação poderia ser arriscada.
Mãe e filha chegaram na madrugada de quarta-feira à base aérea de Villacoublay, na França, onde foram recebidas pelo Ministro do Interior, Bernard Cazaneuve. A pequena Assia desapareceu da cidade de Lyon no dia 14 de outubro de 2013, depois de passar o dia com seu pai, Hamza, um vendedor de 25 anos convertido ao islã havia apenas três.
Ele a levou à Síria, onde se integrou ao Jabhat al-Nosra, um dos braços da Al-Qaeda. Desde então, Mériam lutava para que as autoridades francesas reconhecessem o status de refém à sua filha.
“Mãe-coragem”
Em abril deste ano, o pai de Assia concedeu uma entrevista exclusiva à RFI em que negou ter sequestrado a menina. “Assia não é uma refém. Na nossa religião, existe o que chamamos de hijra, a obrigação de todo muçulmano de não viver em um país que não seja muçulmano. Então eu levei a minha filha em nome da hijra”, disse Hamza.
Sobre os riscos que a menina corria vivendo em uma país em guerra, afirmou: “Eu não coloco a minha filha acima das outras crianças sírias. As crianças daqui que morrem, para mim são como se eu visse a minha própria filha morrer. Eu não a levei para a morte, é Deus quem faz morrer ou viver”.
O ministro do interior francês, Bernard Cazeneuve, estima que a criança passou todo este tempo sob risco e saudou a ação de uma “mãe-coragem que decidiu recuperar o seu filho”. Segundo o governo francês, o pai de menina foi preso por autoridades turcas durante o último fim de semana.
Assim como Mériam, muitas famílias na França se mobilizam na esperança de trazer de volta crianças levadas à Síria. Pelo menos 700 franceses estariam hoje engajados na jihad, a “guerra santa” dos extremistas islâmicos. Pelo menos 250 se encontram em combate, com pelo menos 50 menores de idade.
Fonte: RFI Português