E a situação continua a piorar com o avanço do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. “Nenhum conflito provocou alguma vez tantas mortes, tantos refugiados e deslocados internos em tão pouco tempo” afirmou Frej Fenniche, representante da OHCHR durante uma audição organizada pela subcomissão dos Direitos do Homem a 13 de outubro.
Durante a abertura da audição, a Presidente da subcomissão dos Direitos do Homem, a eurodeputada espanhola do S&D, Elena Valenciano Martínez-Orozco, lembrou a necessidade de reforçar a ajuda humanitária, como defendida na resolução aprovada pelo Parlamento Europeu a 18 de setembro.
Frej Fenniche, responsável pela seção do Médio Oriente e Norte de Africa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, apelou à comunidade internacional para responder ao pedido de ajuda de Kobani, uma cidade curda na Síria atualmente sob ataque do Estado Islâmico.
No Iraque, existem agora 5,2 milhões de pessoas a necessitar de ajuda humanitária. Leyla Ferman, copresidente da Federação Europeia do Yazidi, um organismo que representa a minoria religiosa iraquiana Yazidi, pediu apoio internacional lembrando que estas pessoas não vão sobreviver o Inverno sem ajuda.
Tensões entre refugiados e as populações de acolhimento aumentam
“A crise vai para além da Síria. Afeta também os países vizinhos”, sublinhou Eduardo Fernandez-Zincke, responsável da equipa para a Síria e Iraque da Comissão Europeia. Uma vez que apenas 15% dos 3 milhões de refugiados sírios registados vivem em campos de refugiados, a maioria estabelece-se em ambientes urbanos entre as comunidades anfitriãs. Segundo Fernandez-Zincke as tensões entre os refugiados e essas comunidades tem aumentado e os sistemas públicos estão prestes à beira de colapso. É por esta razão que mais de metade da ajuda humanitária da Comissão Europeia para a crise síria já é distribuída nos países vizinhos para ajudar os refugiados, explicou.
Michele Cavinato do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados lembrou que “1 em cada 5 pessoas no Líbano é um refugiado” e que para ter uma percentagem semelhante ao Líbano, Itália, o seu país natal, teria de receber 12 milhões de pessoas.
Apoio da UE
Para Sema Genel das organizações Support to Life (STL)/Diakonie Katastrophenhilfe de Istambul é essencial que a UE apoie as infraestruturas locais e os serviços sociais bem como as iniciativas da sociedade civil local.
O eurodeputado belga do grupo Conservadores e Reformistas Europeus Mark Demesmaeker pediu mais ação. “A comunidade europeia está a fazer muito pouco”, afirmou. A maioria dos eurodeputados concorda que os Estados-Membros devem receber mais refugiados e que se deve reforçar o apoio aos países vizinhos.
A eurodeputada alemã do PPE, Godelieve Quisthoudt-Rowohl perguntou se Thomas Schmidinger, da associação de ajuda humanitária LeEZA acreditava numa solução justa para o conflito. “Estou firmemente convencido que o chamado Estado Islâmico tem que ser derrotado militarmente” e “se a Nato ou quem quer que seja não está preparado para o fazer, então claro terão de ser os combatentes curdos no terreno”, concluiu.
Fonte: Paralamento Europeu