Segundo uma petição publicada no portal da organização de defesa dos direitos humanos que se foca em especial nos imigrantes forçados, refugiados ou sobreviventes da ‘escravatura moderna’, o Executivo da antiga colónia britânica faculta-lhes sacos pré-embalados de alimentos, que têm de levantar a cada cinco ou dez dias numa loja, muitas vezes longe do local onde vivem.
“Diz-se que a comida avaliada em 40 dólares de Hong Kong [cerca de 4 euros] por dia, supostamente deve cobrir três refeições diárias e durar até ao próximo levantamento. Mas, quando comparamos o preço da comida que eles recebem com o da venda nos supermercados, vemos que a que lhes é dada vale muito menos. Frequentemente, acaba muito antes da próxima data de levantamento, às vezes a validade expira; é sempre limitada em termos de variedade e de quantidade”, lê-se no documento.
Neste sentido, a organização, o antigo Centro de Aconselhamento para Refugiados que, ao longo de sete anos, ajudou mais de 2.000 pessoas, apela ao apoio à petição. Isto para que “o Governo de Hong Kong permita aos refugiados alimentarem-se com dignidade dando-lhes pequenas quantidades de dinheiro para que possam comprar sua própria comida”.
Ao abrigo do atual programa alimentar, o Executivo da antiga colónia britânica contrata uma organização para providenciar a comida, a qual, por sua vez, adjudica a uma terceira parte o abastecimento em meia dúzia de lojas na cidade, as quais fornecem sacos com alimentos aos refugiados. Este sistema, defende a organização, “é complicado, dispendioso e ineficaz”.
“Ao dar aos refugiados pequenas quantidades de dinheiro para que possam adquirir a sua própria comida, quando e onde precisem, far-se-ia melhor uso dos recursos gastos no atual programa e devolver-se-ia aos refugiados a sua dignidade”, refere o Centro de Justiça.
“Infelizmente, também há muitos residentes de Hong Kong que não têm o suficiente para comer. Esta campanha não visa desviar a atenção dessa realidade”, frisa a organização, cuja petição intitulada “Fome de Mudança”.
“É a capacidade de escolher que nos torna humanos”, escreve hoje Victoria Otero Wisniewski, do Centro de Justiça de Hong Kong, num artigo de opinião no jornal South China Morning Post, em que relata a forma como um universo de cerca de 8.000 refugiados se tem de alimentar na antiga colónia britânica.
Hoje celebra-se o Dia Mundial da Alimentação, instituído pela ONU em 1979, para elevar a consciencialização para os problemas alimentares do planeta e promover a solidariedade na luta contra a fome.
Fonte: SAPO Notícias